A Kombi é uma das máquinas mais populares na história da indústria automotiva. Originalmente chamada de Type 2, a perua começou a ser produzida no fim de 1949, emprestando uma série de componentes mecânicos do Fusca e tornando-se um dos carros mais longevos no mercado — inclusive no Brasil, onde foi fabricada de forma ininterrupta entre 1957 e 2013. Uma versão mais obscura do furgão, que hoje já está em uma encarnação elétrica, é a “Half-Track Fox” ou, em tradução livre, “a raposa de meia pista”, uma Kombi com trilhos de tanque recentemente restaurada pela Volkswagen.

O veículo é fruto de um trabalho de quatro anos concebido e construído por um mecânico austríaco chamado Lutz Kretner, que estava desapontado com as capacidades off-road da Kombi padrão. Ótimo esquiador, ele queria um veículo capaz de escalar os Alpes. Mas não conseguiu encontrar um carro adequado, então apelou para gambiarra.

Volkswagen Kombi com trilhos de tanque
Volkswagen/Divulgação

O mecânico da Volkswagen pegou, então, um “Bulli” 1962 — como os alemães chamam a Kombi — e instalou dois eixos dianteiros, ambos dirigidos com duas rodas duplas de 14” em cada um. Na traseira, Kretzner equipou os dois eixos da Kombi com rodas de 13” que acionavam esteiras de tanque. As rodas receberam freios e um diferencial com limitação de deslizamento que garantiam uma propulsão lisa e contínua, independentemente da superfície.

O motor da Kombi com esteiras de tanque também não era nada demais: um quatro-cilindros de 1,2 litros com 34 cv de potência e velocidade máxima de 35 km/h. Kretzner, então, o chamou de “raposa de meia pista”, porque ele era um pouco mais lento do que uma raposa propriamente dita. A inclusão das esteiras era porque o mecânico queria preservar a dirigibilidade da Kombi original em vez da direção do tipo tanque.

Volkswagen Kombi com trilhos de tanque
Volkswagen/Divulgação

Veículo foi salvo por divisão de carros clássicos da Volkswagen

Kretzner construiu dois exemplares dos “Half-Track Foxes” no fim dos anos 1960, mas teve que parar a produção. Apenas uma unidade sobreviveu e foi comprada no início dos anos 1990 pelo Museu da Porsche de Gmund, na Áustria.

Posteriormente, o veículo foi adquirido pela Bullikartei e.V., uma associação de entusiastas de Kombi. Eles tentaram restaurar o veículo em 2005, mas a restauração não foi concluída. Quatro anos atrás, no entanto, a divisão de carros antigos da Volkswagen, a Volkswagen Classic Vehicles (VWCV), entrou em cena para salvar o simpático automóvel.

O trabalho foi extenso, mas a montadora alemã conseguiu ressuscitar a Kombi com trilhos de tanque talvez até para uma condição melhor do que quando foi criada. Em vez de uma simples repintura, a VWCV aplicou um revestimento de imersão catódico para pintá-lo no laranja fosco original. O trabalho foi concluído em fevereiro deste ano e, então, a “velha raposa” pôde provar seu valor finalmente na neve dos Alpes.

Crédito da imagem principal: Volkswagen/Divulgação

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