Quarta-feira, Novembro 27, 2024
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A jornada do anti-herói: Bale se despede de Madri na final da Champions

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Quem nunca ouviu falar na clássica jornada do herói? A história tem sempre o seu protagonista central, um ser de muitos incômodos e aflições, que sai da zona de conforto na busca por uma aventura estimulante.

Foi assim que Joseph Campbell desenvolveu o seu modelo de narrativa para construção de um personagem atrativo e cativante, que pudesse garantir o status de ídolo; um herói ao final de tudo.

E quando no meio do caminho das glórias, êxitos e sucesso estrondoso, há o tropeço, que derruba, faz o personagem afundar e não o deixa mais cativar ou recolocar-se ao patamar do herói?

Com Gareth Bale, de 32 anos, a história parece ser confusa, mas com um final melancólico. O galês, que participou de conquistas tão importantes em Madri, hoje amarga um abismo sem fim… ou melhor, com fim! Isso porque, o jogador chegou do Tottenham ao Real por incríveis 100 milhões de euros (à época, em 2013, cerca de R$ 315 milhões) e está prestes a deixar o clube pela porta dos fundos, ao fim de seu contrato.

De um incômodo com a equipe dos Spurs ainda em construção para se tornar protagonista, Bale desembarcou em Madri para ser a sombra de Cristiano Ronaldo, principal astro dos merengues, e assim ajudar o clube espanhol a erguer a tão desejada La Décima.

Como um dos principais nomes da decisão diante do Atletico, em 2014, Bale roubou o status e ficou perto de disputar os holofotes com Cristiano Ronaldo no Bernabéu. Suas três primeiras temporadas justificaram a badalação. Entre 2013 e 2016 foram 123 jogos disputados, 58 gols marcados e 41 assistências distribuídas. 

Golfe, suspiro e um deja vu diante do Liverpool

O refúgio do galês foram os campos de golfe, por onde perambulava e dava pouca importância aos compromissos com o Madrid. Os atritos com a diretoria aumentavam progressivamente, mas ainda haveria o momento de redenção do herói… o seu epílogo!

Em maio de 2018, na última conquista que colocava um fim na hegemonia merengue de três Liga dos Campeões consecutivas, Bale, mais uma vez, brilhou para se eternizar na história do Real Madrid.

Com dois gols, o galês foi o grande nome do título sobre o Liverpool e sacramentou a reta final de seu ciclo da jornada do herói com maestria. No entanto, a mesma história que glorifica também cobra um preço alto no futuro.

Em 2020, após o retorno do futebol depois da parada por conta da pandemia, a relação estremecida, e antes aparentemente velada entre o clube e o galês, tomou maiores proporções.

Isso porque Bale já não mostrava a dedicação de antes, alimentava rusgas com o então técnico Zinedine Zidane e, para fechar com chave de ouro, foi flagrado tirando um possível cochilo no banco de reservas, o que enfureceu os torcedores madridistas.

O desgaste foi tanto que o jogador foi mandado por empréstimo ao Tottenham, onde teve uma temporada regular com 34 jogos disputados, 16 gols e três assistências, mas muito mais voltada a defender as cores da sua seleção nacional, o País de Gales.

No retorno para a temporada de 2021/2022, o galês já não se mostrava mais confortável no Bernabéu. Com sete jogos e apenas um gol marcado, Bale voltava à Espanha apenas para terminar a sua jornada, que se encerra ao fim de seu contrato, em julho.

Uma jornada de ciclos, como já adiantaria Joseph Campbell. No entanto, diferentemente do mitologista, Bale invocaria um novo conceito, oriundo do apogeu da glória à frustração da queda, poucos dias antes de o Real encarar o Liverpool, do seu tempo de redenção, mas agora da transformação final em um anti-herói de Madri, que marca o seu nome na história, quer os torcedores gostem ou não.

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Fonte: Ogol

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