Especialistas alertam que se planejar com muita antecedência e optar por lugares que sejam mais acessíveis, é a melhor forma de conseguir economizar na hora de ir para o exterior
Ao mesmo tempo em que a melhora da situação epidemiológica e da flexibilização dos protocolos sanitários facilitaram as viagens para o exterior, diversos fatores têm dificultado e encarecido as viagens. Entre eles estão o aumento no preço das passagens em decorrência da elevação dos valores do querosene de avião – devido ao conflito entre a Rússia e Ucrânia, que acontece desde o dia 24 de fevereiro –, a alta do dólar e o reagendamento de pacotes adquiridos antes da pandemia de Covid-19, estão dificultando e encarecendo os planos dos turistas que estão de olho em destinos nacionais e internacionais. Diante desse cenário, especialistas alertam que a melhor coisa a se fazer, neste momento, é planejar com muita antecedência, além de optar por destinos que sejam mais acessíveis.
Um levantamento realizado pela Rico Investimentos aponta cinco países baratos, onde o custo de vida é menor e o dinheiro é mais rentável, em razão do câmbio vantajoso em relação ao real. São eles: África do Sul, Argentina, Camboja, Egito e Colômbia. De acordo com Leonardo Bastos, CEO da Kennedy Viagens Corporativas, os consumidores mudaram seu hábito de consumo, reduziram os períodos de estadia de 20 para 10 dias e estão buscando destinos mais próximos da América do Sul. Bastos destaca, no entanto, que as viagens mais distantes seguem no radar. Siderley Santos, vice-presidente da Maringá Turismo e do Grupo Arbaitmam, endossa a avaliação. De acordo com o dirigente, em maio houve uma grande procura por hotéis e passagens aéreas para Nova Iorque. “Todos os voos [para lá] estavam lotados”, relata. “Os passageiros têm dificuldades de encontrar voos para os locais mais procurados, como Estados Unidos, países da Europa e cidades como Dubai”, acrescenta o empresário, que também informa os destinos mais buscados pelos turistas: “Além dos Estados Unidos, Oriente Médio e Europa continuam em alta”.
“O principal fator que ocasionou o aumento do preço das passagens foi o querosene. Esse impacto decorre da guerra da Ucrânia e Rússia”, explica Bastos, que vê duas possibilidades no horizonte. Se o conflito no Leste Europeu durar entre três e 12 meses, deve haver uma estabilização nos preços. Por outro lado, se o embate escalar, o cenário ficará imprevisível. De acordo com o CEO da Kennedy Viagens, ainda não é possível prever os impactos da gratuidade das bagagens nos preços. “Como a passagem aérea não é física nem estática, é difícil fazer essa previsibilidade”, resume. Contudo, ele relembra que à época do anúncio sobre a cobrança das bagagens, havia a expectativa de que as tarifas seriam reduzidas, o que não ocorreu.
“Se o turista for viajar em um prazo de até 60 dias, não haverá tanta alteração no preço. Há, inclusive, risco delas aumentarem”. Neste caso, diz Bastos, é recomendável que o cliente faça a compra no momento em que encontrar uma passagem no preço que julgar satisfatório. “Agora, se a viagem for em dezembro, aconselho adquirir o ticket com três meses de antecedência, porque as companhias aéreas precificam um valor que acreditam que vai prevalecer até o dia da viagem. Quanto mais assentos elas vendem, mais o preço aumenta”, finaliza.
Siderley Santos aponta um outro motivo para os atuais preços: as companhias aéreas não teriam motivos para reduzir os valores por estarem “tirando o atraso” das consequências causadas pela pandemia de Covid-19. Por isso, ele ressalta a importância de fazer uma reserva previamente. “O primeiro ponto no planejamento de uma viagem é a antecedência, porque dessa forma você consegue uma boa negociação e ainda pode acompanhar as mudanças”, afirma.
Passagem, hospedagem e passeios. Quando se pensa em viajar, é imprescindível analisar cada detalhe – ainda mais quando tudo está com o preço elevado. Apesar da dificuldade, é possível encontrar bons valores, o que, claro, dependerá de uma boa programação. Rejane Tamoto, planejadora financeira da Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar) explica que o “primeiro ponto é determinar o tempo para viagem, quando vai ser realizada e qual o destino, [porque isso] dá oportunidade de acompanhar as promoções e juntar o dinheiro necessário”. Em uma escala de prioridade, ela recomenda: “Selecionar passagem e hospedagem, que são os dois principais custos, analisar a moeda do país e ir trocando aos poucos e, por último, buscar o seguro-viagem”.
Realizar a compra da moeda estrangeira é um dos itens primordiais, quando o assunto é viagem internacional. Os especialistas reconhecem que é normal que as pessoas esperem os melhores preços antes de tomar uma decisão. Entretanto, em razão do cenário incerto e instável, a opção mais certeira é “aproveitar os melhores momentos de câmbio”, diz Tamoto. Quando estiver fora do país, a planejadora recomenda que os gastos sejam pagos com dinheiro e com o cartão de débito internacional. “Por mais que o IOF [Imposto sobre Operações Financeiras, que incide sobre compras feitas no exterior] esteja em 6,38%, quando juntamos tudo o preço fica maior e muita vezes o valor total se equipara com tudo o que é gasto em um passeio”.
Quando se trata de encontrar passagens mais baratas, Leonardo Bastos faz questão de explicar um mito que circula a respeito de ter dias e horários para conseguir encontrar os melhores preços. Ele ressalta que localizar um voo mais em conta tem relação com a oferta e a demanda – as companhias têm metas por voo. “Se passa a quantia estipulada, ela vai manter o preço ou aumentar, agora se as vendas estão abaixo, começam a fazer descontos e serem mais competitivas”, uma vez que há um custo operacional. “Comprar de madruga é um mito. O que acontece é que algumas pessoas conseguem comprar por causa das promoções, mas não tem nada a ver com o horário”, sentencia.
Os intercâmbios estudantis também ficaram mais fáceis depois da flexibilização das medidas da pandemia. Christina Bicalho, vice-presidente da Student Travel Bureau (STB), diz que os destinos mais buscados continuam sendo aqueles de língua inglesa, entre eles Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Austrália, Nova Zelândia e Irlanda. O mais acessível, atualmente, é o Canadá, porque o dólar canadense tem um valor abaixo do dólar americano e da libra esterlina. Além disso, explica Bicalho, “o custo de vida é acessível”, o que torna o país um dos melhores custos-benefícios para os estudantes. A vice-presidente da STB recomenda, porém, que a programação seja acertada com até oito meses de antecedência. Além disso, segue a especialista, é preciso estar aberto a algumas opções, como conexão, horários não convencionais, aeroportos mais distantes do destino final, entre outros.
Fonte: Jovem Pan News
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