Um estudo desenvolvido por pesquisadores da China, da Suécia e do Reino Unido, publicado na revista Frontiers in Ecology and Evolution, aponta que o ouvido médio humano evoluiu de brânquias de peixes.
Formado pelo tímpano, uma câmara cheia de ar que contém uma cadeia de três ossos pequenos (martelo, bigorna e estribo), o ouvido médio transfere vibrações para o ouvido interno através de uma fenda chamada janela oval, o que ajuda a transformá-las em som.
De acordo com Gai Zhikun, pesquisador da Academia Chinesa de Ciências e primeiro autor do artigo intitulado “A Evolução da Região Espicular de Peixes Sem Mandíbula para Tetrapodes”, há vastas evidências embrionárias e fósseis de que essa estrutura evoluiu a partir do espiráculo de peixes.
Fósseis de peixes descobertos nas províncias chinesas de Zhejiang e Yunnan, que apresentam vestígios anatômicos para a origem dos espiráculos vertebrados a partir das brânquias, foram encaminhados para análise do Swiss Light Source, um síncrotron localizado no Instituto Paul Scherrer, em Villigen, na Suíça.
Lá, o material foi submetido a uma varredura não destrutiva. Em seguida, foi desenvolvido um simulacro feito por meio de reconstrução 3D, que foi fundamental para a conclusão do estudo.
Segundo os resultados, nos tetrápodes (vertebrados terrestres dotados de quatro membros), a bolsa espiracular embrionária dá origem à cavidade do ouvido médio e ao tubo auditivo, enquanto a parte dorsal do arco hioide embrionário dá origem ao estribo, que é o único ossículo do ouvido médio de anfíbios, répteis e aves, ou o menor de três ossículos nos mamíferos.
“Isto sugere que o ouvido médio surgiu como uma modificação do espiráculo mais a hyomandibula, mas a relação entre os dois é complicada e há evidências de que um ouvido médio adaptado para amplificar o som transmitido pelo ar evoluiu mais de uma vez”, diz o artigo.
Segundo Gai, a descoberta prova que os ouvidos e bocas humanas são conectados graças a uma antiga passagem de respiração passando da boca de um peixe através das brânquias.
“É um remanescente de peixes evolucionários de mais de 400 milhões de anos atrás, que agora chamamos de tubo de Eustáquio”, explicou o pesquisador.
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Fonte: Olhar Digital
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