Elon Musk, CEO da Tesla, está com um mau pressentimento a respeito da economia global, e uma das formas que encontrou para tentar diminuir os riscos para sua empresa parece ser demitir 10% dos funcionários. O montante global de trabalhadores da montadora de carros elétricos está em cerca de 100 mil pessoas, ou seja, ocorrendo as demissões, seriam por volta de 10 mil empregos cortados.

No e-mail enviado ontem (2) pelo empresário a seus executivos sobre essa situação, foi percebida uma espécie de sintonia com outros líderes empresariais sobre risco de recessão. O conteúdo da mensagem é ainda mais contundente em relação a um futuro sombrio da economia.

Congelando contratações da Tesla

Além das demissões consideradas pelo CEO da Tesla, há uma determinação para que a montadora interrompa todas as contratações em todo o mundo. Curiosamente, antes dessa ordem, a montadora tinha cerca de 5.000 vagas de emprego no LinkedIn, desde vendas em Tóquio e engenheiros em sua nova gigafábrica em Berlim, até cientistas de aprendizado profundo em Palo Alto.

Este novo e-mail chega dois dias após Elon Musk dizer que o trabalho remoto “não é mais aceitável” – e que seus funcionários devem passar pelo menos 40 horas por semana nos escritórios ou teriam como opção deixar a Tesla. Apesar de tudo, na mensagem de agora vista pela agência Reuters, o empresário não detalhou as razões de seu mau pressentimento.

Em sintonia com a catástrofe econômica

Falando remotamente em uma conferência no mês passado, Elon Musk já havia dito que “provavelmente estamos em recessão e essa recessão vai piorar”. Mais recentemente, no Twitter, o CEO da Tesla reforçou essa impressão, dizendo também que “isso é realmente uma coisa boa”. Deixando entender que muita gente estava ganhando dinheiro sem fazer nada, o empresário complementou que “algumas falências precisam acontecer”.

Outros executivos pelo mundo seguem uma linha parecida com a de Elon Musk, no sentido de que é esperado um esfriamento na economia global. O CEO do JPMorgan Chase & Co, Jamie Dimon, tem uma impressão ainda mais negativa, dizendo que “um furacão está logo ali na estrada vindo em nossa direção”. E muito disso tem a ver com a inflação nos Estados Unidos pairando nas máximas de 40 anos e causando um salto no custo de vida para os americanos.

Resistências dos trabalhadores

A possibilidade de demissão de funcionários da Tesla já encontra resistência na Holanda. O porta-voz do sindicato nacional holandês Federatie Nederlandse Vakbeweging (FNV), Hans Walthie, declarou que a montadora precisa negociar com um conselho de trabalhadores os termos de qualquer demissão. Enquanto isso, a exigência de Musk de que os funcionários devem retornar presencialmente aos escritórios já enfrentou resistência na Alemanha.

De qualquer forma, em junho de 2018, quando a Tesla enfrentava alguns problemas deficitários, o empresário havia dito que cortaria 9% de sua força de trabalho. Porém, dados em seus registros na Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) mostraram que as reduções foram mais do que compensadas pelas contratações até o final daquele ano.

Imagem: vasilis asvestas/Shutterstock