Neste sábado (4), a Blue Origin levará seis pessoas para o espaço suborbital em seu quinto voo tripulado. O lançamento da missão – conhecida como NS-21, porque será o 21º voo de um veículo New Shepard na contagem geral da empresa – está marcado para as 10h (pelo horário de Brasília), do Launch Site One, em Van Horn, oeste do estado norte-americano do Texas.
Entre os passageiros estará Victor Correa Hespanha, engenheiro de produção civil de Minas Gerais, que se tornará o segundo brasileiro da história a ir para o espaço. O primeiro foi o ex-astronauta e ex-ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes. Victor conquistou seu assento por meio de um sorteio realizado pela Crypto Space Agency (CSA), após adquirir três NFTs (token não-fungíveis) pela plataforma.
O lançamento será transmitido ao vivo pelo Olhar Digital, a partir das 9h30, nos nossos perfis oficiais no YouTube, Facebook, Instagram, Twitter, LinkedIn e TikTok.
Conheça a tripulação do próximo voo da Blue Origin
No dia 9 de maio, a Blue Origin anunciou os nomes dos seis tripulantes da missão NS-21. Ao que tudo indica, dois passageiros foram patrocinados e quatro pagaram por seus assentos, mas a empresa não revelou quanto cada um teria desembolsado.
Victor Correa Hespanha
Prestes a se tornar o segundo brasileiro a voar para o espaço, Victor Correa Hespanha é engenheiro de produção. Contemplado por um sorteio feito pela Crypto Space Agency (CSA), cuja missão é “combinar a tecnologia da indústria espacial com a inovação e o poder financeiro dos mercados cripto para acelerar o futuro da humanidade”, ele será o primeiro criptonauta do mundo, depois de um investimento em três NFTs (sigla em inglês para “Token Não-Fungível”). Clique aqui e saiba mais sobre Victor, que concedeu uma entrevista ao Olhar Digital logo que seu nome foi anunciado pela Blue Origin.
Evan Dick
Evan Dick será a primeira pessoa a voar duas vezes a bordo de uma nave espacial New Shepard, tendo participado da missão NS-19, de 11 de dezembro. Ele é piloto, engenheiro, investidor e membro gerente da Dick Holdings, LLC. Já foi vice-presidente sênior da D.E. Shaw e diretor administrativo da Highbridge Capital Management. Segundo a Blue Origin, Dick é filantropo das organizações Fundação Darwin, Corporação Internacional de Assistência à População e da Starfighters Aerospace.
Katya Echazarreta
Nascida em Guadalajara, Katya Echazarreta se tornará a primeira pessoa do México a visitar o espaço. Ela é uma das apresentadoras das séries do YouTube “Netflix IRL” e “Electric Kat”, no programa da CBS “Missão Imparável”. Katya passou quase quatro anos no Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA trabalhando em missões espaciais, incluindo a do rover Perseverance e a Europa Clipper, que será lançada em direção à lua de Júpiter Europa em 2024. Ela está fazendo mestrado em engenharia elétrica e computação na Universidade Johns Hopkins e tem como objetivo “fornecer representatividade para mulheres e minorias” interessadas em ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM). Assim como o brasileiro, a mexicana também não precisou pagar por seu assento, que foi patrocinado pela Organização Espacial para a Humanidade.
Hamish Harding
Piloto de jatos corporativos, Hamish Harding é presidente da empresa de corretagem de jatos Action Aviation. Ele é recordista mundial em vários segmentos, incluindo um marco em 2019 com o astronauta aposentado da NASA Terry Virts por quebrar um recorde de aeronaves voando sobre os dois polos da Terra. Harding também visitou o polo sul duas vezes e mergulhou a quase 10.100 metros em um submarino, em 2021.
Jaison Robinson
Jaison Robinson fundou a empresa imobiliária comercial JJM Investments e é cofundador, junto com sua esposa, da Dream Variations Ventures, que investe em startups de tecnologia e esportes. Mergulhador e paraquedista, Robinson conta com uma variedade de aventuras em seu currículo: quebrou a barreira do som em um jato Mig-29, passou uma semana caminhando na Antártida e subiu à cachoeira mais alta do mundo na Venezuela, entre outras peripécias. Ele também é escoteiro e jogou polo aquático pela seleção dos Estados Unidos.
Victor Vescovo
Victor Vescovo é cofundador da empresa de investimento em capital privado Insight Equity. Ele completou o “Explorer’s Grand Slam”, que é um desafio de expedição nos polos Norte e Sul e de escalada dos Sete Cumes, as montanhas mais altas de cada continente. Piloto de jato multimotores e de helicópteros comerciais, ele também é piloto de teste submersível certificado, tendo alcançado 12 vezes o Challenger Deep (o ponto mais profundo do oceano). Vescovo serviu 20 anos na Reserva da Marinha dos EUA como oficial de inteligência, aposentando-se como comandante.
Embora a lista acima contenha três pilotos, nenhum deles exercerá a função durante o voo, já que a espaçonave New Shepard é um sistema totalmente automatizado.
Problema técnico adiou lançamento
Originalmente, o quinto voo tripulado da Blue Origin estava marcado para 20 de maio. Victor e sua esposa, Marcella Diniz Hespanha, embarcaram para os EUA no dia 15 e ficaram hospedados na Vila dos Astronautas, localizada nas instalações da empresa em El Paso, a cerca de 195 km do local de lançamento.
No trailer onde ficou alojado, o brasileiro foi recebido com diversos “mimos” oferecidos pela Blue Origin, como uma bolsa personalizada, várias camisas e chocolates.
No dia seguinte, ele conheceu o restante da tripulação. “Gostei demais de conhecer cada um, e a gente já deu super certo desde o primeiro contato”, escreveu o brasileiro no Instagram.
Os treinamentos deveriam começar entre os dias 17 e 18, mas foram suspensos quando a empresa detectou um problema técnico na espaçonave e optou por adiar o lançamento.
“Durante nossos check-outs finais de veículos, observamos que um dos sistemas de backup da New Shepard não estava atendendo às nossas expectativas de desempenho. Com muita cautela, vamos atrasar o lançamento do NS-21 originalmente programado para sexta-feira. Fique ligado para mais atualizações”, dizia o comunicado da Blue Origin no Twitter, também publicado no site da empresa.
Após três dias, Victor revelou que foi orientado a voltar para o Brasil e aguardar novo chamado, o que aconteceu dez dias depois, na última segunda-feira (31), quando a Blue Origin anunciou a nova data do voo.
Na quinta-feira (2), o brasileiro divulgou um vídeo em sua página no Instagram contando que os treinamentos começaram, mostrando o crachá que recebeu da empresa e apresentando as instalações aos seguidores.
Nos Stories, Victor contou como foi o primeiro dia de treinamento. “Hoje, fizemos alguns simulados na cápsula, alguns testes de segurança e aprendemos uns termos mais técnicos. Estou animado demais. A cápsula por dentro é incrível, o assento é confortável, é tudo impecável”. Os preparativos continuam nesta sexta-feira (3), véspera do tão esperado voo.
Uma tradição em toda missão espacial, seja a turismo ou científica, permite que os tripulantes selecionem objetos pessoais a suas escolhas, para serem levados na viagem. A prática remonta ao início das missões espaciais, quando astronautas do programa Mercury começaram a levar pequenos itens consigo em seus voos.
Victor ainda faz mistério sobre os objetos que vai levar para o espaço, mas adiantou um deles: a bandeira do Brasil. “Estou levando algumas coisas que têm significado para mim e vou levar algumas que forem sugeridas”.
Voo suborbital do foguete New Shepard tem média de 11 minutos de duração
A espaçonave New Shepard recebeu o nome do astronauta Alan Shepard, da missão Mercury, em reconhecimento ao seu legado como o primeiro americano a chegar ao espaço, em 5 de maio de 1961. Sua filha, Laura Shepard Churchley, a convite de Bezos, fez parte da tripulação da missão NS-19.
New Shepard consiste em um foguete e uma cápsula, ambos reutilizáveis. Cada voo do veículo dura cerca de 11 minutos. Tomando webcasts anteriores como referência, é provável que a transmissão desse evento mostre a decolagem e o pouso do foguete, a cápsula indo para o espaço, além de imagens dos tripulantes cumprimentando as pessoas no solo após o voo.
Cada voo da New Shepard leva seus clientes e convidados acima da linha de Kármán, a 100 km de altitude, que é considerada a fronteira do espaço pelas autoridades internacionais.
O plano de voo prevê que o foguete pouse verticalmente logo após a decolagem e que a cápsula da tripulação desça independentemente com paraquedas, chegando à Terra alguns minutos após o propulsor.
A Blue Origin usa sua RSS First Step (RSS é a abreviação em inglês para Nave Espacial Reutilizável) para voos tripulados. Uma cápsula New Shepard diferente, chamada RSS HG Wells, é usada para voos científicos não tripulados.
Como é o voo e a preparação dos tripulantes
Os passageiros da nave New Shepard ficam “sem peso” no espaço suborbital por cerca de três minutos durante cada missão, quando alcançam a microgravidade. Conforme dito anteriormente, cada voo New Shepard dura cerca de 11 minutos desde o lançamento até o pouso da cápsula.
O foguete é estabilizado aerodinamicamente usando um anel e aletas em cunha para ajudá-lo a fazer um pouso suave. A tripulação desce independentemente em sua cápsula, de paraquedas.
Com base em missões anteriores, a maioria dos passageiros da Blue Origin recebe cerca de 14 horas de treinamento pré-voo durante alguns dias, cobrindo voos básicos e procedimentos de emergência.
Um astronauta da NASA, por outro lado, normalmente tem 2,5 anos de treinamento básico antes de ser qualificado para voos e, em seguida, pelo menos mais dois anos de treinamento para uma missão à Estação Espacial Internacional.
Os tripulantes da Blue Origin usam macacões da empresa em vez de trajes espaciais volumosos. O objetivo é tornar mais fácil para as pessoas se movimentarem durante a ausência de peso e admirarem a vista.
Um documento de termos e condições para passageiros em potencial da Blue Origin lista vários requisitos para aqueles que desejam voar com a empresa. Ser capaz de vestir trajes de voo por conta própria e subir sete lances de escadas na torre de lançamento em menos de 90 segundos são duas das exigências mínimas.
Embora os voos espaciais suborbitais sejam menos perigosos do que as missões orbitais, os riscos existem. Os passageiros precisam estar preparados para possíveis problemas, como despressurização da cabine ou incêndio. Eles também devem suportar múltiplas forças de gravidade (cargas G) durante o lançamento e o pouso. Em caso de emergência, a tripulação é treinada para se soltar em 15 segundos.
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Fonte: Olhar Digital
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