Muito já se especulou a respeito da existência de seres alienígenas. No fim do mês passado, por exemplo, um pesquisador espanhol publicou um artigo no qual afirma que os extraterrestres não só existem, como são malignos. Já um astrofísico dos EUA não dá essa certeza, mas garante saber exatamente onde eles vivem, caso sejam reais.
Em um estudo publicado no serviço de pré-impressão arxiv e já aceito pelo periódico científico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, Ben Zuckerman, professor emérito de física e astronomia da Universidade da Califórnia em Los Angeles, diz que eles podem morar nas esferas de Dyson, ao redor das cascas de estrelas semelhantes ao Sol chamadas anãs brancas espalhadas pela Via Láctea.
“É lá que devemos focar nossa busca por extraterrestres”, disse Zuckerman, em entrevista ao site Live Science. Segundo ele, com base em sua pesquisa, os astrônomos podem estimar quantas civilizações alienígenas habitam a galáxia.
Não existe vida inteligente sem energia
O autor parte do seguinte princípio: toda civilização avançada precisa de energia, seja para alimentação, transporte, conforto ou conveniência.
Atualmente, os quase 7,8 bilhões de habitantes da Terra usam cerca de 160 mil watts-hora de energia a cada ano, grande parte dela gerada por combustíveis fósseis – o que é extremamente danoso para a atmosfera do planeta. O domínio de tecnologias avançadas poderia permitir que priorizássemos fontes de energia renováveis, como a eólica (dos ventos) e a solar (da luz do Sol).
E é essa a motivação por trás das esferas de Dyson, propostas pelo famoso físico Freeman Dyson, que desenvolveu a ideia em 1960. Se uma civilização avançada realmente quer aproveitar a incrível produção energética de sua estrela hospedeira, seus indivíduos têm que construir megaestruturas para capturá-la, bloqueando pelo menos parte da luz da estrela e convertendo em energia para suas atividades.
No entanto, não importa o quão avançada uma civilização seja, nem quantas esferas de Dyson seus membros possam construir, se eles não souberem exatamente sobre quais estrelas devem erguer suas estruturas.
Uma estrela como o Sol, por exemplo, um dia se transformará em uma gigante vermelha (estágio avançado da vida estelar) e, eventualmente, explodirá, dando origem a uma estrela densa e extremamente quente chamada anã branca em seu interior. Esse processo, por sua vez, superaquecerá os planetas internos do seu sistema solar e, à medida que a anã branca esfria, congelará os externos.
Então, os alienígenas habitam estrelas e não planetas?
Sendo assim, ficar na superfície de um planeta não é uma opção viável a longo prazo, forçando seus possíveis habitantes a procurar outro sistema para chamar de lar ou construir uma série de habitats que colhem a radiação da anã branca remanescente.
Para Zuckerman, parece improvável que uma civilização alienígena escolha passar pelo trabalho de viajar para uma nova estrela para construir uma esfera de Dyson. Portanto, eles só devem construir essas megaestruturas em torno de suas estrelas de origem, que posteriormente se transformarão em anãs brancas.
Isso permite que os cientistas façam uma conexão direta entre vidas estelares e a prevalência das esferas de Dyson. Então, segundo Zuckerman, se os astrônomos procurarem por esferas de Dyson em torno de anãs brancas, isso pode ajudar a estimar quantas civilizações avançadas podem existir na Via Láctea.
O cientista diz que é possível que alguns alienígenas decidam não construir esferas de Dyson e outros que constroem essas estruturas em torno de outros tipos de estrelas, mas, para ele, sua teoria é mais provável, principalmente por causa da idade da nossa galáxia.
Mas não será fácil localizar as esferas de Dyson sobre estrelas. “O sinal da esfera de Dyson provavelmente será muito fraco em comparação com a estrela sobre a qual ela orbita”.
Pesquisas existentes sobre anãs brancas não encontraram nenhuma evidência de esferas de Dyson. Dado o número total de anãs brancas que se imagina haver na Via Láctea, Zuckerman estima que não mais de 3% dos planetas habitáveis ao redor de estrelas semelhantes ao Sol dão origem a uma civilização que escolhe construir uma esfera de Dyson em torno da anã branca.
No entanto, há tantos planetas ao redor de estrelas semelhantes ao Sol que esse cálculo fornece um limite máximo de 9 milhões de potenciais construções de esferas de Dyson em anãs brancas na Via Láctea.
Mas, afinal de contas, quais as chances de haver vida inteligente fora da Terra? “Alguns astrônomos, incluindo eu, acham que a vida tecnológica pode ser uma ocorrência muito rara”, disse Zuckerman. “Na verdade, nós mesmos até podemos possuir a tecnologia mais avançada da Via Láctea. Mas ninguém sabe, então, vale a pena procurar evidências”.
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Fonte: Olhar Digital
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