Com lançamento previsto para 2024, a sonda Europa Clipper, da NASA, foi projetada para estudar a gelada lua Europa, de Júpiter. Nesta terça-feira (7), a equipe técnica responsável pela missão revelou que o corpo principal da espaçonave está completo e foi entregue ao Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da agência.

A sonda Europa Clipper tem lançamento previsto para 2024, com início das operações esperado para 2031. Imagem: JPL-NASA

Segundo cientistas do JPL, a estrutura formada por dois cilindros de alumínio tem três metros de altura e 1,5 metros de largura e é integrada com eletrônicos, rádios, tubos, alça térmica, cabeamento e sistema de propulsão.

O subsistema de radiofrequência alimentará oito sensores, incluindo uma enorme antena de alto ganho de três metros de largura. Somente a teia de fios e conectores elétricos da estrutura, chamada de arreio, pesa 68 kg.

O sistema de propulsão da espaçonave comporta dois tanques — um para combustível, o outro para oxidante — e o tubo que levará seu conteúdo a uma matriz de 24 motores, onde os propelentes serão combinados para criar uma reação química controlada que produz impulso.

“Nossos motores têm duplo propósito”, disse Tim Larson, vice-gerente de projetos do JPL. “Nós os usamos para grandes manobras, inclusive quando nos aproximamos de Júpiter e precisamos de uma grande queimadura para ser capturado na órbita de Júpiter. Mas eles também são projetados para manobras menores para gerenciar a atitude da espaçonave e para ajustar os sobrevoos de precisão de Europa e outros corpos do sistema solar ao longo do caminho”.

Engenheiros e técnicos inspecionam o corpo principal da espaçonave Europa Clipper da NASA depois que ela foi construída e entregue pelo Johns Hopkins Applied Physics Laboratory (APL) em Laurel, Maryland, para o Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da agência no sul da Califórnia. Crédito: NASA/JPL-Caltech/Johns Hopkins APL/Ed Whitman

Durante os próximos dois anos, engenheiros e técnicos do laboratório vão terminar de montar a sonda, que passará por diversos testes quando estiver concluída, para garantir que possa suportar a longa viagem de quase seis anos ao longo de 2,9 bilhões de km, além de todo o período de duração da missão.

Para ser lançada, a Europa Clipper terá suas matrizes solares e outros equipamentos implantáveis recolhidos. Nessas condições, a espaçonave terá o tamanho médio de um veículo SUV. No entanto, quando for implantada na órbita de destino, as matrizes solares serão estendidas, deixando a sonda do tamanho de uma quadra de basquete. Trata-se da maior nave espacial já desenvolvida para uma missão planetária da NASA.

“É um momento emocionante para toda a equipe de projetos e um grande marco”, disse Jordan Evans, gerente de projetos da missão no JPL. “Esta entrega nos aproxima do lançamento e da investigação científica da Europa Clipper”.

A sonda vai executar cerca de 50 sobrevoos na lua Europa, onde os cientistas estão confiantes que existe um oceano interno contendo o dobro de água que os oceanos da Terra juntos. E mais: eles acreditam que esse oceano pode ter atualmente condições adequadas para sustentar a vida. 

Os nove instrumentos científicos da espaçonave coletarão dados sobre a atmosfera, a superfície e o interior desta que é uma das 79 luas de Júpiter. Tais informações serão usadas pelos cientistas para medir a profundidade e a salinidade do oceano, a espessura da crosta de gelo e potenciais plumas que podem estar liberando água subsuperficial para o espaço.

Esses instrumentos já começaram a chegar ao JPL, onde a fase conhecida como montagem, teste e operações de lançamento está em andamento há três meses. O espectrógrafo ultravioleta, chamado Europa-UVS, chegou em março. 

Em seguida, veio o instrumento de imagem de emissão térmica da espaçonave (E-THEMIS), entregue pelos cientistas e engenheiros que lideram seu desenvolvimento na Universidade Estadual do Arizona. A E-THEMIS é uma câmera infravermelha sofisticada projetada para mapear as temperaturas de Europa e ajudar os cientistas a encontrar pistas sobre a atividade geológica da lua — incluindo regiões onde a água líquida pode estar perto da superfície.

Até o final de 2022, espera-se que a maior parte do hardware de voo e o restante dos instrumentos científicos estejam completos.