Por Susanne Andrade*

A realidade no mundo do trabalho hoje é de sobrecarga, o que muitas vezes está associado a uma falta de posicionamento do profissional para se fazer a coisa certa, de acordo com as atribuições do seu papel. Ao analisarmos os cargos de gestão, é possível verificar que muitos líderes acreditam que, ao serem promovidos, precisam “fazer mais”, em vez de entenderem que o seu crescimento depende do “fazer diferente”. Com esse mindset, os profissionais continuam com a “mão na massa”, o que leva à sobrecarga de trabalho e ao esgotamento físico e mental, além de prejudicar a qualidade de vida e o progresso na carreira, pois o gestor deixa de fazer aquilo que é sua função para absorver tarefas que não mais lhe cabem.

É comum que donos de pequenas e médias empresas, assim como aqueles profissionais que assumem uma gestão, acreditem que ninguém mais é capaz de realizar certas tarefas tão bem quanto eles, o que acarreta diversos problemas para a organização e para a vida pessoal. Pesquisa recente da Harvard Business Review indica que profissionais passam 41% do tempo em atividades que poderiam ser delegadas para outras pessoas, impactando diretamente em sua produtividade diária. Em outro estudo realizado pela Universidade de Stanford, nos EUA, 35% dos executivos afirmaram que precisam aprender a delegar tarefas – enquanto outros 37% disseram que buscam ativamente desenvolver essa habilidade.

Uma das maiores vantagens da delegação de tarefas é a otimização de tempo da equipe como um todo, além de evitar a sobrecarga sobre o gestor. Querer ter o controle de tudo, o tempo todo, é improdutivo e atrasa processos e entregas, porque o tempo para executar cada etapa acaba sendo curto. Além de tirar o “peso excessivo” dos ombros do gestor, a delegação de tarefas é fundamental para o desenvolvimento do time; isso porque os colaboradores só crescem quando têm a oportunidade de assumir novas atividades e responsabilidades.

Nessa perspectiva, é imprescindível que o líder tenha clareza e conheça bem seu propósito e o propósito dos liderados. Somente assim ele saberá ser assertivo na hora de definir quais tarefas ele mesmo assumirá, e quais delegará para cada membro de sua equipe. Quando o time sente que tem responsabilidades e que o líder confia nos liderados, esses passam a trabalhar mais satisfeitos e a motivação naturalmente aumenta, desenvolvendo as atividades em sintonia com a agilidade, o que potencializa as entregas de maneira eficaz.

Delegar x “Delargar”

Nessa perspectiva, é importante entender que delegar é diferente de “delargar”. Para que o líder não “delargue”, mas delegue, é essencial entender esse processo como uma oportunidade de se aprimorar e desenvolver a equipe, uma troca onde todos evoluem. É preciso que o líder saiba delegar as tarefas técnicas, para que possa dedicar 100% do seu tempo em gestão, com foco em capacitar o time. A solução para esse “dilema” é aprender a delegar para a equipe, e de forma ágil.

No meu novo best-seller, lançado em maio pela Editora Gente: “Líder Protagonista – uma nova atitude na agilidade”, apresento a ferramenta “Delegação Ágil”, que consiste em seguir os cinco passos abaixo, que são extremamente úteis para desenvolver os liderados e atuar em prol de seu crescimento:

  1. Escolha a atividade a ser delegada e quem vai assumir, considerando o propósito e habilidades do liderado: verifique se essa pessoa já está pronta ou se precisa de treinamento para cumprir esse novo desafio;
  2. Dialogue, alinhando expectativas: o que é óbvio para você pode não ser para quem está assumindo a atividade. Deixe claro o que você espera no que se refere à qualidade, prazos e outros detalhes fundamentais;
  3. Identifique os recursos necessários: o que a pessoa vai precisar, e com quem você tem de colocá-la em contato direto para resolver os problemas que possam surgir. Definam juntos a autonomia para decisões;
  4. Acompanhe o progresso: verifique como a pessoa está se sentindo e desempenhando a atividade, e se precisa de algum suporte em algum ponto problemático identificado depois que a assumiu;
  5. Reconheçam e celebrem os aprendizados: quais são as “lições” para você e para o seu liderado? Momento de dar e receber feedbacks, comemorando os resultados para quem delegou a atividade e para quem assumiu o novo desafio. Reconhecer a evolução mútua é essencial.

Ao praticar a delegação ágil, você vai abrir espaço para a sua equipe se desenvolver, assumindo novos desafios de maneira eficaz, além de tirar a sua sobrecarga, tendo mais qualidade de vida e melhoria de produtividade como gestor. É um processo positivo para as duas partes, onde ambos evoluem – líder e liderado.

*Susanne Andrade é autora dos best-sellers “Líder Protagonista”, “O Poder da Simplicidade no Mundo Ágil”, “O Segredo do Sucesso é Ser Humano”, e do livro digital “A Magia da Simplicidade”. É master coach, palestrante e professora de cursos de MBA pela FIAP em disciplinas sobre carreira, coaching, liderança e gestão da mudança para a transformação digital. É sócia-diretora da A&B Consultoria e Desenvolvimento Humano, empresa que criou o “Modelo Ágil Comportamental”, além de voluntária no Grathi

Já assistiu aos novos vídeos no YouTube do Olhar Digital? Inscreva-se no canal!