Para começar a apresentação sobre o que é DAO e como ela é importante hoje no mundo das moedas digitais, é necessário explicar o termo: Decentralized Autonomous Organization, Organização Autônoma Descentralizada, em português. A ideia das DAO’s foi desenvolvida em 2013 por Vitalik Buterin, o criador do Ethereum. No início, eram chamadas de DACs, Decentralized Autonomous Corporations, Corporações Autônomas Descentralizadas. Podemos dizer que as DAOs são comunidades como os grupos de Facebook, mas com uma conta bancária associada. São empresas independentes onde quem toma as decisões são os funcionários, já que não existe um CEO, conselho ou até mesmo gerentes e diretores. Todo o controle é dividido igualmente entre os participantes.
O principal objetivo é estabelecer uma empresa ou organização que possa funcionar absolutamente sem gerenciamento hierárquico. Desta forma, são basicamente governadas por detentores de criptoativos, desenvolvidos sob regras e executadas em uma blockchain. Elas são criadas e programadas de acordo com metas definidas, as propostas de como a empresa vai caminhar são feitas pelos próprios participantes e, quando aprovadas, direcionam o caminho em que a empresa vai seguir. Tudo funciona à base de contratos inteligentes parecidos com programas de computador, inclusive as regras de como a comunidade deve operar.
Uma vez que as regras são estabelecidas, entra-se na fase de financiamento. Ao investir numa organização descentralizada, os usuários obtêm os chamados “tokens de governança” que dão o direito a voto. Dessa forma, a pessoa tem a capacidade de influenciar de que forma a empresa vai agir. Por serem programas em código aberto (open source), significa que podem ser acessados por qualquer pessoa. Além disso, todas as regras e transações financeiras são registradas na blockchain, o que as tornam totalmente transparentes, imutáveis e incorruptíveis.
Hoje as DAOs estão ativas até em indústrias criativas, em marcas de moda como a Metafactory, fragrâncias como a Rook Perfumes, comunidades de cineastas como a Decentralized Pictures e Mogul Productions e de música como a NoiseDAO.
Um ponto fundamental a destacar é que esse tipo de empresa não é capaz de criar um produto do zero, escrever um código ou desenvolver algum tipo de hardware ou software. Isso pode ser feito por meio de um profissional contratado para executar essas tarefas específicas. Vale dizer que é possível ainda entrar em uma DAO tendo uma atividade útil para ela, e não apenas com dinheiro ou tokens – serviço e força de trabalho também são bem-vindos.
Quando uma DAO entra em operação, todas as decisões sobre onde e como gastar seus fundos são tomadas em consenso. Essas propostas entram em votação e todos os investidores têm que votar. O impacto do voto de um membro pode aumentar com base na quantia investida por ele no projeto – quanto mais dinheiro investido, maior o poder de voto.
Como investir?
É relativamente fácil, especialmente se você sabe comprar Ether e, consequentemente, já tem uma carteira digital. É como se fosse comprar ações de uma empresa, mas neste caso, a compra é de tokens. E as vantagens para investir são muitas, entre elas:
E existem desvantagens? Sim, por não terem uma figura de autoridade ou um presidente, algumas delas acabam tendo operações mais lentas e, com isso, decisões mais demoradas para serem tomadas. Além do mais, há divergências que podem levar à divisão da organização.
Os objetivos propostos por cada projeto podem ser bem distintos, já que existem alguns tipos de DAOS que focam diferentes soluções e metas. Alguns exemplos são:
- Projeto em criptomoeda: se forem gerenciados por governança descentralizada, os detentores de tokens podem votar na direção do projeto. Um exemplo é a MakerDAO, criada em 2014, uma das maiores plataformas DeFi – um tipo de serviço financeiro onde é possível fazer empréstimos, emprestar tokens para terceiros e rentabilizar criptomoedas.
- Concessão de fundos: usada para premiar fundos de financiamento baseados em critérios estabelecidos. A MolochDAO arrecada fundos para contribuir com a infraestrutura da Ethereum.
- Coleções: a partir de NFTs é possível colecionar peças exclusivas; a PleasrDAO é um exemplo disso, foi a primeira organização descentralizada a adquirir esse tipo de token.
Uma DAO estruturada dá a oportunidade de moldar a organização para cada tipo de investidor, isso porque, como não há uma estrutura hierárquica, qualquer ideia inovadora pode ser apresentada e considerada por toda a organização. Porém, fazer uma proposta e votar nela exige que o investidor gaste tokens e isso o faz avaliar suas decisões e não desperdiçar seu tempo em soluções sem sentido.
Entusiastas como eu, inclusive, acreditam que, em breve, elas serão cada vez mais sofisticadas. As tendências incluem anonimidade, descentralização progressiva e melhores incentivos para participação.
*Luciano Mathias é CCO da TRIO
Fonte: Olhar Digital
Comentários