Buracos negros já são difíceis de serem observados quando “presos” a uma estrela, mas um buraco negro livre, errante e desassociado de qualquer parte do espaço soa como uma tarefa impossível.

Ainda assim, astrônomos da Universidade da Califórnia-Berkeley acreditam ter encontrado o que deve ser o primeiro buraco negro desgarrado da história, por meio de técnicas de lente gravitacional que lhes permitiram identificar distorções correspondentes ao objeto em uma estrela extremamente distante.

Gráfico mostra o suposto "buraco negro livre", o primeiro de seu tipo a ser descoberto na Via Láctea, caso as informações do estudo sejam confirmadas
Gráfico mostra o suposto “buraco negro livre”, o primeiro de seu tipo a ser descoberto na Via Láctea, caso as informações do estudo sejam confirmadas (Imagem: STScI/NASA/ESA/Divulgação)

“Lente gravitacional” é um efeito previsto por Albert Einstein, e basicamente consiste em observar a emissão de pouca, quase nenhuma luz por parte de objetos massivos. Evidentemente, a aplicação é muito mais detalhada, mas a grosso modo, a técnica nos permite identificar objetos massivos – de planetas inteiros a, veja só, buracos negros.

De acordo com os dois líderes do time de pesquisa – os astrônomos Casey Lam e Jessica Lu -, a massa do suposto buraco negro livre é de alto entre 1,6 vez e quatro vezes maior que a do Sol. Essa variação numérica é o que causa a dúvida quanto à natureza do objeto: astrônomos concordam que um buraco negro é o objeto restante de uma explosão supernova com pelo menos 2,2 vezes a massa do Sol. Números menores que este geralmente resultam em uma estrela de nêutrons.

Seja ele uma estrela de nêutrons ou um buraco negro livre, o objeto é o primeiro “desgarrado”, ou seja, não está associado à proximidade de nenhuma estrela. Essencialmente, é um fantasma. “Com a técnica da lente gravitacional, nós somos capazes de sondar esses objetos solitários e compactos, além de pesá-los. Eu acho que abrimos uma nova janela para observarmos esses objetos escuros, que não podem ser vistos de nenhuma outra forma”, disse Lu.

A análise feita pelo time liderado por Lam e Lu foi aceita para publicação no Astrophysical Journal Letters. Um time separado executou a mesma técnica na mesma área, mas concluiu que o objeto tem massa mais perto de 7 vezes a do Sol – ou seja, indiscutivelmente, um buraco negro. Ambas as conclusões ainda pendem confirmação.

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