A agência espacial europeia (ESA) liberou, na manhã desta segunda-feira (13), uma série de novos dados relacionados à missão Gaia, que vem desde 2013 coletando informações detalhadas sobre a Via Láctea para os entusiastas da astronomia. O Olhar Digital já havia mencionado o assunto na última semana.
Segundo uma coletiva de imprensa seguida de um comunicado escrito, a missão Gaia, nesta terceira leva de informações, identificou 156 mil novos asteroides “com extrema precisão”, além de observar 1,9 milhão de quasares – os centros brilhantes das galáxias, alimentados por buracos negros supermassivos.
“Hoje é um dia fantástico para a astronomia, pois esses dados abrirão as comportas para uma nova ciência, para novas descobertas do nosso universo, da nossa Via Láctea”, disse o diretor geral da ESA, Josef Aschbacher.
Um dos pontos de destaque da pesquisa são os “estrelamotos”, grandes tremores que assolam a superfície de diversas estrelas, alterando seus formatos. Segundo a ESA, a sonda da missão Gaia não foi projetada para observar esses fenômenos, mas mesmo assim, ela conseguiu detectá-los em milhares de astros – incluindo alguns que, pelo nosso entendimento da Física e da Geologia, não deveriam ter qualquer “balanço”.
“Nós temos essa fantástica mina de ouro referente à astrosismologia de centenas de milhares de estrelas em nossa galáxia”, disse Conny Aerts, membro do time de pesquisadores que operou a sonda da missão.
A sonda observou aproximadamente 1,8 milhão de estrelas – em termos práticos, perto de 1% do total de estrelas mapeadas da Via Láctea, que tem mais ou menos 100 mil anos-luz de um lado a outro. Ela é equipada com dois telescópios e o que a ESA chama de “câmera de um bilhão de pixels”. Na prática, a agência diz que esse instrumento é capaz de medir o diâmetro de um fio de cabelo a mil quilômetros (1000 km).
De acordo com Anthony Brown, cientista de dados do Consórcio de Análises e Processamento e também responsável pela leitura dos dados da missão Gaia, as informações divulgadas “nos permitem observar mais de 10 bilhões de anos do passado da Via Láctea”.
A conclusão é a de que, ao contrário do que se pensava, a nossa galáxia não apresenta um movimento uniforme e calmo, mas na verdade é uma progressão expansiva, acidentada e caótica, cheia de episódios turbulentos – não só em seu passado, mas também em seu presente. “Talvez ela [a Via Láctea] nunca atinja um momento estacionário. A nossa galáxia é uma entidade viva, onde objetos nascem, onde eles morrem”, disse Aerts.
Mais além, a liberação mais recente de dados confirmou mais dois exoplanetas – planetas localizados fora do nosso sistema solar -, além de marcar outros 200 objetos planetários como candidatos a essa classificação. Ao todo, mais de 50 estudos científicos foram produzidos com uso das novas informações.
A próxima – e última – liberação de dados da missão Gaia deve ocorrer em 2030, cinco anos após o fim declarado da pesquisa, que será em 2025.
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Fonte: Olhar Digital
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