Gangues armadas que controlam grande parte do território do Haiti estão usando TikTok, Instagram e Twitter para aumentar seu alcance e controle dentro do país. Além de recrutar membros, as organizações também usam as plataformas para intimidar rivais e aterrorizar a população, em postagens que desafiam a capacidade das redes sociais de policiar o conteúdo.

De acordo com o ativista Yvens Rumbold, do think tank político Policité, as gangues já dominam o Haiti há muito tempo, tendo, inclusive, se infiltrado na política institucional do país. Porém, segundo ele, as redes sociais potencializaram o poder dos bandidos. “Sem essas plataformas eles não seriam tão famosos”, afirma o ativista.

Ordem para saques pelo YouTube

Violência de gangues no Haiti tem escalado bastante nos últimos meses. Crédito: Johnson Sabin/EPA-EFE/Shutterstock

O ex-policial Jimmy Cherizier, líder de uma das gangues mais violentas da capital do Haiti, Porto Príncipe, conseguiu selar a paz entre duas organizações criminosas rival, Famille G9 e Alliés. Para comemorar a aliança, o criminoso gravou um vídeo para o YouTube e usou o Twitter para convocar um saque.

Com a escalada de violência em Porto Príncipe, muitos bandidos têm usado o WhatsApp para postar fotos de cadáveres, a fim de aterrorizar a população e como uma demonstração de força. Um rapper chamado Izo, inclusive usa as plataformas para ameaçar rivais, policiais e jornalistas.

Plataformas omissas?

As redes sociais são usadas pelas gangues para mostrar força, deslegitimar instituições estatais e recrutar novos membros. Para este último, os criminosos costumam usar a ostentação, postando fotos com dinheiro, joias e relógios enfeitados. Vale lembrar que o Haiti é um dos países mais pobres do mundo.

“A mídia social é responsável por muito do clima de insegurança que temos aqui”, disse James Boyard, cientista político da Universidade Estadual do Haiti. “As redes sociais têm uma responsabilidade enorme, de vetar seus usuários, analisar as imagens nas contas e censurá-los em alguns casos. Eles precisam fazer mais, francamente”, completou.

Via: The Washington Post

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