Foi em 2017 que o perfil do Parque Arqueológico de Pompeia no Instagram compartilhou a imagem abaixo, e como a internet é a internet, um meme nasceu e viralizou: aparentemente, a explosão do vulcão Vesúvio, que soterrou em cinzas a cidade de Pompeia no ano de 79 d.C (“depois de Cristo”), matou um homem que, para todos os efeitos, vinha buscando a sua própria “erupção”.

Estamos falando em analogias, mas a imagem abaixo torna tudo muito fácil de entender: observe a mão direita da vítima:

Fosse essa uma imagem comum da época, poucas pessoas ficariam surpresas: Pompeia (bem como Herculano, outra cidade destruída pelo Vesúvio) era uma cidade bastante aberta às liberdades sexuais.

Segundo historiadores, bordéis eram bastante numerosos na região e, não apenas a prostituição era legalizada, mas também encorajada como uma espécie de status social – homens que frequentavam esses lugares eram vistos como bem sucedidos, enquanto cortesãs que neles trabalhavam eram comumente presenteadas e atingiam posições (sem trocadilhos, por favor) bastante notáveis na sociedade.

Os estigmas morais que viriam a posicionar o sexo como algo íntimo viriam muito, muito depois, mas nesta época, o assunto era tratado como uma ação comum, não muito diferente de “almoçar” ou “passear”.

Por causa disso, a imagem acima acabou gerando um senso de normalidade: foi em Pompeia, então é claro que haveria um homem se masturbando no momento da erupção vulcânica, certo?

Infelizmente, o meme não é real, e a explicação é bem menos…digamos…”excitante”: assim como muitos outros corpos descobertos anos e anos e anos depois (e esforços de codificação genética promovidos, entre outras pessoas, por um brasileiro), o homem da imagem acima provavelmente morreu vítima do que cientistas chamam de “explosão piroclástica – basicamente, um jato de gases superaquecidos com fragmentos de rocha que são ejetados de fissuras na terra durante erupções vulcânicas mais intensas.

Um dos efeitos desse fenômeno, quando ele atinge o corpo humano, é a flexão forçada dos nossos membros. Em termos práticos, você começa a atrofiar braços, pernas e quaisquer outras partes mais “soltas” do corpo.

E é aqui que reside a solução do mistério do “homem se masturbando em Pompeia”: explosões piroclásticas continuam torcendo seu corpo muito tempo depois de você morrer.

A imagem acima é apenas uma, mas na realidade, vários cadáveres foram escavados em posições estranhas, com alguns implicando formas sexualizadas ou agarrando partes íntimas de seus corpos.

Apesar da tragédia que recaiu sobre a antiga cidade, existe um ponto positivo: tudo o que descobrimos sobre Pompeia nos levou a encontrar muita coisa sobre o mundo mais antigo – não apenas na arquitetura ou artes plásticas, mas também na cultura da cidade. Como dissemos, Pompeia era uma cidade onde estigmas sociais que nos são normais hoje simplesmente não existiam.

Não por menos, a antiga cidade ainda é um ponto de extremo interesse acadêmico, dando origem a centenas, talvez milhares de estudos. E cientistas continuam visitando a região até hoje – sim, incluindo os bordéis, apesar de hoje eles terem menos valor histórico e serem mais semelhantes a estabelecimentos modernos do tipo -, a fim de desvendar seus segredos.

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