Desde o fim de maio, os 280 mil habitantes de Kherson, no sul da Ucrânia, têm enfrentado constantes interrupções no acesso à internet. O motivo é militar: a Rússia, que ocupa a cidade portuária no Mar Negro desde março, vem redirecionando as conexões de seu internet para seu tráfego. Como resultado, provedores locais foram forçados a mudar seus serviços para empresas da Rússia e expor seus clientes à vasta rede de vigilância e censura do país, segundo informações da revista americana Wired.
Sob o olhar atento das forças de ocupação, as empresas de internet foram instruídas a desviar suas conexões e conceder novos cartões SIM para celulares, usando números russos. Com isso, o governo de Vladimir Putin se apodera do controle dos servidores, cabos e torres de telefonia celular — todos classificados como infraestrutura essencial. Segundo a agência de notícias RIA Novosti, as áreas de Kherson e Zaporíjia, ambas no sul da Ucrânia, também já começaram a usar o código telefônico russo +7.
“Entendemos que isso é uma violação grosseira dos direitos humanos”, afirma Victor Zhora, vice-chefe da agência de cibersegurança da Ucrânia (SSSCIP) à Wired. “Como todo o tráfego será controlado por serviços especiais russos, ele será monitorado e os invasores restringirão o acesso a recursos que compartilham informações verdadeiras.”
A KhersonTelecom, operadora da cidade, mudou seu tráfego de internet para a rede russa em 30 de abril, antes de retornar às conexões ucranianas na maior parte de maio. No entanto, as coisas parecem ter mudado de forma permanente desde o dia 30. Agora, todo o tráfego é controlado pela Miranda Media, uma empresa sediada na Crimeia (região onde fica Kherson) que está conectada ao provedor russo de telecomunicações Rostelcom.
Rússia usa desabilitação de sinal como tática de guerra
Desde o início da Guerra Russo-Ucraniana em fevereiro, interromper ou desabilitar a infraestrutura de internet se tornou tática comum para a Rússia. Mísseis destruíram torres de TV na Ucrânia, um ciberataque contra um sistema de satélites teve impactos diretos no país e notícias com desinformação foram espalhadas para quebrar o moral da população.
O exército da Rússia tenta assumir os sistemas de internet de várias formas, mas a principal é o bloqueio físico. Dois dos maiores provedores na Ucrânia, Kyivstar e Lifecell, por exemplo, tiveram seus equipamentos em Kherson desligados pelas forças de ocupação. Como resultado, eles não têm acesso para restaurar ou consertar equipamentos.
Segundo a SSSCIP, 20% da infraestrutura de telecomunicações na Ucrânia foi danificada ou destruída, e dezenas de milhares de quilômetros de redes de fibra não estão funcionando.
“Infelizmente, há casos de roteamento massivo de tráfego de operadoras ucranianas em canais russos”, diz Liliia Malon, comissária de telecomunicações da Ucrânia. “As redes ucranianas estão parcialmente bloqueadas ou completamente desconectadas.”
Via Wired
Crédito da imagem principal: Tunasalmon/Shutterstock
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Fonte: Olhar Digital
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