Uma pesquisa da Universidade de Manchester descobriu que existe uma versão menor da proteína responsável pelo Alzheimer que afeta diretamente o fluxo sanguíneo do cérebro e impede a chegada de nutrientes. O desfecho da atividade colabora justamente para a característica principal da doença: a perda de memória.
De acordo com o Medical Xpress, que divulgou o estudo, evidências já mostravam que a doença de Alzheimer afetava o suprimento de sangue, no entanto, como isso acontecia ainda era desconhecido.
De forma simplificada, o Alzheimer é causado pelo acúmulo de uma proteína chamada beta-amilóide (Aβ) que, quando superproduzida, forma placas no cérebro resultando na falha do processamento do sistema nervoso, que começa a se degenerar, destruindo a memória e outras funções mentais importantes. Segundo dados da pesquisa, observou-se que uma versão menor desta mesma proteína também se instala nas paredes dos vasos sanguíneos e diminuem o fluxo de sangue até o cérebro.
Ao alcançar as artérias piais, responsáveis pelo suprimento de sangue e oxigênio do cérebro, essas proteínas estreitam a artéria, diminuindo o espaço para nutrientes passarem. Isso ocorre por ela conseguir desligar a comunicação com uma outra proteína chamada BK, responsável por enviar alertas para que os vasos se alarguem (para o sangue passar). Esta é uma das causas de perda de memória observada em pessoas com Alzheimer.
Testes realizados em camundongos com a doença de Alzheimer comprovou o estreitamento significativo da artéria. Para os pesquisadores, a descoberta pode ser um caminho para o desenvolvimento de um novo medicamento que evite esse estreitamento. No entanto, mais pesquisas serão necessárias para entender como a versão menor da AB consegue “desligar” o sinal da BK (proteína de alerta).
“Até o momento, mais de 500 medicamentos foram testados como uma cura para a doença de Alzheimer. Todos eles têm como alvo os nervos do cérebro e nenhum deles foram bem sucedidos. Ao mostrar exatamente como a doença de Alzheimer afeta os pequenos vasos sanguíneos, abrimos as portas para novos caminhos de pesquisa para encontrar um tratamento eficaz”, disse o Dr. Adam Greenstein, investigador principal e Professor Clínico Sénior de Ciências Cardiovasculares da Universidade de Manchester.
Para o Professor Metin Avkiran, Diretor Médico Associado da British Heart Foundation, a descoberta “é um passo importante na compreensão do Alzheimer” e “pode levar a um tratamento desesperadamente necessário”, já que a tendência é que os casos da doença aumentem conforme a população envelhece. A pesquisa foi publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
Fonte: Olhar Digital
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