Três voos constituem a fase inicial do Programa Artemis, elaborado pela NASA para estabelecer a presença humana na Lua novamente. Chamadas Artemis I, II e III, essas missões têm seus lançamentos planejados para os próximos quatro ou cinco anos.
Ainda em 2022, deve ser lançada a missão Artemis I, um voo de teste do megafoguete Space Launch System (SLS), que vai levar a cápsula Orion não tripulada para circundar a Lua. A segunda missão, Artemis II, seguirá o mesmo percurso, mas com quatro astronautas a bordo da espaçonave. Por último, vem a tão aguardada missão Artemis III, que deverá enviar dois seres humanos para pisar em solo lunar até meados desta década.
Agora, documentos internos vazados da agência espacial norte-americana, e obtidos pelo site Ars Technica, revelam que, além do cronograma “base”, a NASA desenvolveu dois calendários alternativos, o que indica que os planejadores não acreditam que o projeto original seja executado no prazo estabelecido e/ou com o orçamento disponível.
Kathryn Hambleton, porta-voz da NASA, disse que a agência está avançando com seus planos básicos para missões além da Artemis III. “A NASA avalia rotineiramente arquiteturas alternativas como parte prudente do planejamento programático”, explicou.
De qualquer forma, existem os cronogramas opcionais, que foram desenvolvidos com base em dois critérios: cadência regular dos lançamentos e cargas mais significativas.
Pelo quadro acima, é possível notar que existe a possibilidade de a NASA mover a missão Artemis III para além de 2025. Isso pode estar relacionado, segundo os documentos, a fatores como falta de disponibilidade de trajes espaciais apropriados para as missões lunares (problema que já vem se apresentando há algum tempo).
NASA está preocupada com orçamento restrito
Também é evidente a existência de enormes lacunas entre as missões. Para ocupar um hiato de três anos, a NASA está considerando a criação de uma missão “Artemis III.5”, que exigiria que a agência adquirisse um quarto estágio superior provisório do SLS, o que atrasaria o desenvolvimento de outros programas-chave.
É provável que a missão custaria cerca de US$5 bilhões (mais de R$25,7 bilhões) e enviaria quatro astronautas para a pequena estação lunar Gateway, com dois deles indo para a superfície da Lua.
Para suportar financeiramente a missão Artemis III.5 e distribuir uniformemente as lacunas de voo, os documentos relatam que a NASA precisaria atrasar vários projetos do programa, incluindo o Gateway Logistics (que envolve tanto rovers lunares pressurizados quanto não pressurizados), um habitat de superfície e o programa Booster Obsolescence and Life Extension, para atualizar os propulsores laterais do foguete SLS.
Aliás, o aspecto econômico é o que mais está “pegando”. O Congresso norte-americano não tem se mostrado tão entusiasmado com o financiamento de todos os novos aspectos do Programa Artemis, o que muito preocupa a NASA.
A agência teme, por exemplo, que, após o lançamento dos elementos centrais da estação Gateway, módulos adicionais não possam ser lançados até o fim da década por falta de investimento.
Outro ponto crucial que compõe os documentos sugere que a NASA reconhece a possibilidade de atrasos com a versão atualizada do SLS, conhecida como Bloco 1B, que tem um segundo estágio mais potente, o “Estágio Superior de Exploração”, que pode transportar módulos Gateway para a Lua, juntamente com a tripulação a bordo da cápsula Orion.
O novo estágio superior está longe de estar pronto, e, em entrevista coletiva concedida na semana passada, Paul Martin, inspetor-geral da NASA, disse que a enorme torre de lançamento móvel usada para seu lançamento estaria “anos atrasada” e “substancialmente acima do orçamento”. Sob o cronograma de cadência proposto pelos planejadores da agência, o Bloco 1B do foguete SLS não precisa estar pronto até 2029.
Na mesma coletiva de imprensa, Jim Free, administrador associado para o desenvolvimento de sistemas de exploração da NASA, responsável por esses cronogramas, disse que a agência está trabalhando em “múltiplos manifestos” devido a orçamentos e outros fatores. Segundo Free, como parte do processo orçamentário para o ano fiscal de 2024, ele está tentando elaborar um plano único de exploração através, pelo menos, da missão Artemis VI.
Dada a certeza de que haverá mais atrasos, o Programa Artemis provavelmente está a pelo menos 15 anos de ter um habitat semipermanente na superfície da Lua, empurrando a exploração de Marte para as décadas de 2040 ou até 2050.
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Fonte: Olhar Digital
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