Começaram na manhã desta terça-feira (21) as aulas práticas da disciplina de Preservação Audiovisual do Curso de Audiovisual da UFMS, que estão sendo realizadas no Museu da Imagem e do Som por conta de uma parceria. Nessa troca, o MIS coloca o acervo de películas a disposição da professora especialista em preservação audiovisual, que assim passará por um processo de higienização, recuperação e identificação dos filmes. Na aula de hoje estão sendo utilizados os materiais fílmicos em 16 mm do fotógrafo Tião que foram doados pelo Instituto Histórico e Geográfico para serem salvaguardados no acervo do MIS.
A coordenadora do MIS, Marinete Pinheiro, esclarece que o museu não tem equipe técnica com conhecimento especializado na área de preservação audiovisual, daí a importância dessa parceria. “A gente tem material fílmico no nosso acervo, são muito importantes, e graças a essa parceria que é a gente ceder o espaço, ceder os materiais e colocar esse material à disposição, o curso traz como retorno a higienização e a preservação desse material, que é uma coisa que o Museu não conseguiria fazer hoje por não ter profissional especializado”.
“Além disso, colocamos uma funcionária do MIS, a Inês Higa, que para acompanhar as aulas, ela vai aprender a fazer esse processo também. Na bagagem a gente consegue também trazer um pouco desse material de formação. Eles mandaram uma apostila da Cinemateca que explica muitas coisas. A professora Daniela Giovana Siqueira veio graças ao Curso de Audiovisual e isso é muito legal porque graças à criação do Curso o MIS será um dos beneficiados. E o material que ela está começando a trabalhar são fotos que têm uma riqueza histórica muito grande que até então a gente não conseguiu ver o que era, e vamos correr atrás de digitalizar esse material, porque está em material fílmico, que também é muito valioso. E aí a gente começa esse processo de organizar o nosso acervo a partir dessa parceria. Para os alunos é muito bom porque eles têm esse processo da prática, a professora traz todo esse conhecimento que ela já tem com o material fílmico e o Museu ganha com isso a higienização, a organização e a preservação dessas películas”.
A professora do Curso de Audiovisual da UFMS, Daniela Giovana Siqueira, afirma que é muito importante para os alunos poderem trabalhar com algo que já não está na vida comum, que é a película cinematográfica, de onde o cinema veio, de onde ele nasceu, um material que registrou mais de cem anos de imagens no mundo inteiro antes de a gente entrar nessa lógica digital que a gente vive hoje. “É uma possibilidade de aproximar com o mundo do cinema, que fez com que tudo o que a gente conhece sobre cinema existisse e é uma ideia também de se aproximar de conceitos como história e memória, que são importantes para a gente poder entender muitas coisas em sociedade, e sobretudo, dentro do campo do cinema”.
“Nós fizemos uma reforma no PPC do curso, que é um instrumento que fala assim: ‘quais as disciplinas que o curso vai ter’, e aí nós conseguimos colocar essa disciplina de preservação, e ela é obrigatória aos alunos do Curso de Audiovisual. Ela é uma diretriz obrigatória do MEC também, só que não é tão simples instalar, às vezes por conta dos profissionais, que não tem mesmo, formados professores nessa área específica, e muitas vezes há falta de uma parceria como essa que está sendo feita aqui entre a Universidade e o MIS, a Fundação de Cultura de MS. Essa dificuldade de a gente ter acesso a acervos para poder ensinar e dividir os conhecimentos, isso é raro de acontecer. Então foi um feliz encontro aqui em Campo Grande com o curso de Audiovisual e o museu, nessa parceria, e a gente conseguiu fazer esta parte prática. É algo incomum, ainda, no Brasil. É uma luta da área, nós temos a Associação Brasileira de Preservação Audiovisual, que está lutando para que a gente possa ter essa situação, mas foi feita uma confluência feliz, aqui em Campo Grande”.
Wedyn Santos Pereira, aluno do curso de Audiovisual da UFMS, é surdo-mudo e decidiu cursar Audiovisual para realizar um sonho. “Gosto muito de fotografia, esse é meu desejo, de trabalhar na área. O Curso de Audiovisual tem a parte de cinema, talvez a questão da legenda, aí eu não consigo acompanhar algum cinema em geral, porque quando não tem legenda eu não consigo entender, porque só tem o áudio, algumas imagens, eu consigo compreender, mas a parte de áudio fica difícil mesmo. Eu sou mais visual, então a fotografia me ajuda. Esta disciplina de Preservação Audiovisual é boa porque a gente aprende na prática a entender a película, como que funciona, a professora explica, ela mostra como que realmente é, se é só uma limpeza, se só foi uma sujeirinha, quais as outras falhas, se tem algum defeito, se tem um fungo, alguma coisa, então essa identificação desses defeitos na película é muito importante”.
Fotos: Ricardo Gomes
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