Um dos maiores tesouros da Paleontologia, o sítio de Cerro Chato, foi “redescoberto” após 70 anos de ele ser considerado perdido. Localizado no Rio Grande do Sul, bem perto com a nossa fronteira com o Uruguai, o local é tido como um dos mais valiosos do campo de pesquisas pré-históricas e pode oferecer mais detalhes sobre o evento de extinção ocorrido durante o Período Permiano, onde 95% da vida na Terra foi varrida do planeta.
Originalmente, Cerro Chato foi descoberto em 1951. Na ocasião, cientistas do mundo inteiro ficaram extremamente empolgados com o feito, mas o problema é que a região não tem nenhum tipo de marcação territorial natural (e, na década de 1950, tecnologias como “GPS” não eram nem mesmo sonhadas), então nós acabamos perdendo as suas coordenadas.
“Por décadas, a localização geográfica deste sítio era desconhecida. Felizmente, depois de tanto tempo, nós teremos a oportunidade de continuar a escrever a história do sítio por meio de seu registro de fósseis”, disse Joseline Manfroi, especialistas em Paleobotânica pela Universidade do Vale do Taquari e co-autora de um estudo que descreve o parque.
Há 260 milhões de anos, a região hoje chamada de “Cerro Chato” apresentava condições ideais de resguardar e preservar organismos mortos. Por essa razão, a maior parte das antigas rochas do parque é recheada de fósseis extremamente delicados, como plantas pré-históricas cuja fossilização é bem mais complicada que a de animais, já que vegetais não têm partes mais rígidas (ossos, por exemplo).
Cerca de 100 espécies de fósseis antigos – incluindo alguns moluscos e peixes, mas também plantas que precedem espécies modernas de coníferas e samambaias – foram catalogadas pelos cientistas originais dos anos 1950 e reafirmadas pelo time liderado por Manfroi.
Segundo os pesquisadores, porém, isso é apenas o começo: os descobridores originais de Cerro Chato não tiveram muito tempo para escavar materiais antes de perderem a localização do parque, então há uma alta probabilidade de que a região inteira traga ainda mais informações, que estão esperando para serem descobertas.
“A área ainda a ser explorada é imensa”, disse a coautora Joseane Salau Ferraz, estudante pós-doutorado da Universidade Federal dos Pampas. “Eu estimo que não exploramos nem mesmo 30% de todo o espaço disponível”.
Segundo Ferraz, os fósseis sendo estudados agora são “testemunhas diretas das mudanças climáticas ocorridas durante o Período Permiano”. “Esses estudos nos ajudarão a entender melhor a distribuição dessas plantas ao redor do mundo”, ela comentou.
O estudo foi publicado no jornal científico Paleodest, e está disponível integralmente para download em versões para português brasileiro e inglês.
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Fonte: Olhar Digital
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