Nesta terça-feira (28), a cápsula de carga Cygnus que estava acoplada na Estação Espacial Internacional (ISS) desde 21 de fevereiro deixou o laboratório orbital para retornar à Terra.

A cápsula Cygnus, da Northrop Grumman, ficou acoplada na Estação Espacial Internacional (ISS) por pouco mais de quatro meses, durante a missão NG-17, que entregou 3,8 toneladas de carga ao laboratório orbital. Além disso, a espaçonave executou uma manobra de reposicionamento inédita, que é geralmente feita pelas espaçonaves russas Progress. Imagem: NASA

Construído pela Northrop Grumman, o cargueiro foi lançado pelo braço robótico da estação às 8h05 da manhã (pelo horário de Brasília). Segundo comunicado da NASA, a partida ocorreu uma hora depois do planejado para evitar possíveis encontros com detritos espaciais e permitir melhores comunicações com os manipuladores da espaçonave em solo.

Diferentemente das cápsulas Dragon, da SpaceX, as naves Cygnus não são reutilizáveis, portanto, uma reentrada destrutiva na atmosfera da Terra é aguardada para quarta-feira (29).

Estação Espacial Internacional deve ter altitude corrigida periodicamente

Batizada de S.S.Piers Sellers, em homenagem ao falecido astronauta da NASA e cientista climático Piers John Sellers, a cápsula foi responsável pelo transporte e entrega de quase quatro toneladas de carga à tripulação da ISS, entre suprimentos, hardware e experimentos científicos, na missão NG-17.

Além disso, após uma tentativa fracassada de executar uma manobra de impulso operacional feita na segunda-feira passada (20), a espaçonave concluiu o teste com sucesso no sábado (25), marcando a primeira vez na história que uma cápsula Cygnus exerce a função de reposicionar a estação espacial, elevando o complexo orbital à sua altitude operacional normal.

Mesmo a mais de 400 km da superfície, ainda há atrito entre a ISS e a atmosfera da Terra, o que faz com que a velocidade e a altitude do laboratório em órbita sejam constantemente reduzidas. Por isso, são necessárias manobras periódicas para compensar essa “queda”, feitas usando os propulsores das espaçonaves russas Progress que regularmente visitam a estação.

Com as incertezas que pairam sobre as relações entre os EUA e a Rússia, principalmente após a invasão do país governado por Vladimir Putin à Ucrânia, a NASA decidiu testar a capacidade das cápsulas Cygnus de executar a função, o que é visto pela agência como uma alternativa caso as alianças entre as duas superpotências espaciais se desfaça por completo.

“Só queremos dar os parabéns a toda a equipe da Northrop Grumman e da NASA pela excelente missão NG-17”, disse a astronauta Jessica Watkins, tripulante da ISS, ao Controle da Missão, após a partida da nave Cygnus. “Além das toneladas de ciência e hardware de suprimentos que entregou à ISS, a NG-17 Cygnus S.S. Piers Sellers completou com sucesso um reimpulso da estação, trazendo uma nova e importante capacidade para a estação espacial que o próprio Sellers ajudou a construir”.

“Esse reposicionamento da ISS usando a Cygnus adiciona uma capacidade crítica para ajudar a manter e apoiar a estação espacial”, declarou Steve Krein, vice-presidente de espaço civil e comercial, sistemas espaciais táticos na Northrop Grumman. “Também demonstra a enorme capacidade que a Cygnus oferece à ISS e aos futuros esforços de exploração espacial”.