Um novo estudo, conduzido pela Universidade de Zurique, na Suíça, afirma que as chamadas “Super Terras” – planetas alienígenas rochosos com até 10 vezes a massa da Terra – podem desenvolver as condições de abrigar e sustentar a vida por bilhões de anos.
A existência do que nós entendemos como “vida” depende de alguns fatores essenciais: carbono, água líquida…mas cientistas também concordam com a necessidade de um clima temperado, hélio e hidrogênio. E algumas Super Terras estão cheias deles.
O problema é que, exceto pelo que podemos observar de suas superfícies, nós não sabemos em que as Super Terras são diferentes em relação ao nosso planeta. Os sistemas onde já as encontramos são bem variados, diferentes do nosso: por exemplo, por aqui, não temos nenhum exemplar de Super Terra, mas elas são abundantes na maior parte dos outros sistemas estelares.
“Os exoplanetas que detectamos são tão diferentes dos planetas em nosso sistema solar, e este é o melhor argumento para continuarmos pensando fora da caixa quando o assunto é a habitabilidade de cada um”, disse Marit Mol Lous, que assina a autoria do estudo e é responsável pela área de pesquisa em exoplanetas na Universidade de Zurique.
Segundo o estudo, a maior parte das Super Terras detectadas estão em órbitas próximas de suas estrelas – estes planetas são os mais fáceis de enxergarmos, mas isso posiciona um problema: estrelas usam hidrogênio e hélio como combustível, e são notoriamente conhecidas por “expulsar” material de planetas próximos que o contenham por meio de seu calor.
Mapas simulados, porém, afirmam que existem Super Terras mais distantes de suas estrelas, e estas podem ter retido hidrogênio e hélio advindos da juventude de seus respectivos sistemas.
Nisso, entra a pesquisa feita em Zurique: os cientistas investigaram a possibilidade de um exoplaneta da mesma categoria das Super Terras ou criar a vida, ou ser habitável para sustentar a vida como a conhecemos. Para isso, a atmosfera desse planeta deveria ser cheia de hidrogênio e hélio, que funcionariam como uma espécie de “efeito estufa do bem”, resguardando o calor mesmo com ele estando longe da estrela.
Trocando em números: os pesquisadores criaram modelos de simulação considerando Super Terras entre uma e 10 vezes a massa do nosso planeta, orbitando estrelas parecidas com o Sol a distâncias entre uma e 100 unidades astronômicas, ou “UAs” (uma UA é igual à distância da Terra para o Sol ou, em termos práticos, 150 milhões de quilômetros).
Segundo os resultados, Super Terras com distâncias maiores que 2 UAs poderiam apresentar condições temperadas de clima, e água líquida em suas superfícies, por algo entre 5 e 8 bilhões de anos.
Mol Lous afirma que esse armazenamento de calor ainda seria vigente mesmo que o planeta em questão se “desgarrasse”, ou seja, desviasse de sua órbita a ponto de se desassociar da estrela que o prendia no sistema. Tais planetas são relativamente comuns no universo, e o time de Zurique concluiu que, pouco antes de desenvolverem água líquida, eles estavam consideravelmente quentes: na prática, um planeta desgarrado com até cinco vezes a massa da Terra poderia apresentar água em estado líquido por 50 bilhões de anos, se suas atmosferas forem 10 mil vezes mais massivas que a nossa.
Entretanto, ainda não há motivo para comemorar com uma caminhada sorridente nas superfícies das Super Terras: Mol Lous diz que as diferenças de atmosfera, massa planetária e, de uma forma geral, climatologia delas as faria ter tanta pressão, que apenas estar dentro delas seria “comparável ao que vemos nas profundezas do oceano”.
Considerando que nós não podemos sobreviver lá embaixo, então a ideia seria bem desagradável.
Mais além, devido à distância das Super Terras de suas estrelas, qualquer luz que elas recebessem seria ignorável, então o trabalho energético dependeria de outras fontes, como reações químicas.
“Se a vida pode florescer em tal planeta, essa é uma questão de fato muito importante para respondermos, mas isso é difícil dado o quão pouco sabemos sobre o assunto”, disse Mol Lous. “Existem formas de vida na Terra que vivem sob extremas condições, e que podem ser, de alguma forma, similares aos ambientes nos planetas que investigamos, então não achamos que é impossível. Mas, de novo, ainda temos muitas questões a responder”.
O estudo completo está disponível no jornal científico Nature Astronomy.
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Fonte: Olhar Digital
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