Um caso recente de infecção nos Estados Unidos voltou os holofotes para o protozoário unicelular Naegleria fowleri, também conhecido como a “ameba comedora de cérebros”. Na semana passada, no estado americano do Iowa, as autoridades locais fecharam temporariamente a área do lago em um parque depois que um banhista foi infectado.

Essa ameba que traz consigo um terrível “codinome” é justamente mais encontrada nas águas doces não tratadas, como as de rios e lagos, ou como as existentes em fontes termais e até em piscinas comunitárias. Raramente surge um caso de infecção, mas quando acontece, é muito mortal.

Infecção

De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, apenas 4 dos 154 indivíduos infectados conhecidos no país, de 1962 a 2021, sobreviveram. Uma média na taxa de mortalidade superior a 97% – e uma possibilidade de diagnóstico ocorrer muitas vezes só após a morte.

A infecção acontece quando o protozoário entra pelo nariz da pessoa na água (e não quando o banhista bebe essa água). Depois que entrou na vítima, a ameba comedora de cérebros vai diretamente para o órgão – para comer. Entretanto, apesar de afetar o tecido cerebral, de fato, o protozoário come principalmente bactérias.

ameba comedora de cérebro
Imagem: iStock

Sintomas

Em sua infecção cerebral, a ameba causa a doença meningoencefalite amebiana primária (MAP), que leva à destruição do tecido do cérebro. Em seus estágios iniciais, os sintomas podem ser semelhantes aos da meningite bacteriana. Cerca de 5 dias após a pessoa ser infectada (intervalo de 1 a 12 dias), ela começa a ter dor de cabeça, febre, náusea ou vômito.

Os sintomas posteriores podem incluir rigidez no pescoço, confusão mental, falta de atenção às pessoas e ao ambiente, perda de equilíbrio, convulsões e alucinações. Após o início dos sintomas, a doença progride rapidamente para a morte da pessoa em cerca de 5 dias (intervalo de 1 a 18 dias), sob um processo de inchaço cerebral – como resultado tanto da liberação de moléculas tóxicas pela ameba quanto das tentativas do sistema imunológico de combater o invasor.

Tratamentos

A maioria dos casos conhecidos em que as pessoas sobreviveram à MAP nos EUA ocorreram nos últimos 10 anos. Eles incluem uma menina de 12 anos e um menino de 16 anos que, em casos separados, se recuperaram totalmente e puderam voltar à escola.

Essas histórias de sucesso se basearam no diagnóstico rápido e no tratamento agressivo, incluindo o uso de hipotermia terapêutica – resfriando o corpo abaixo da temperatura normal para aliviar o inchaço no cérebro. Uma variedade de medicamentos antifúngicos e outros são usados ​​para combater a infecção. Incluindo anfotericina B, miltefosina, azitromicina, fluconazol, rifampicina e dexametasona, de acordo com o CDC.

Por fim, a maioria dos casos de infecção acontecem nos Estados Unidos – e poucos na América do Sul, sendo que não houve ainda registros de MAP no Brasil. De qualquer forma, as ações pessoais para reduzir o risco de infecção por Naegleria fowleri devem se concentrar em limitar a quantidade de água que sobe pelo nariz e diminuir as chances de que a ameba comedora de cérebros possa estar na água.

Já assistiu aos novos vídeos no YouTube do Olhar Digital? Inscreva-se no canal!

Imagem: sutthiphorn phanchart/iStock