Uma missão lunar encomendada pela NASA pode estar em risco graças a uma empresa parceira que colocou todos os seus funcionários em aviso prévio de demissão: a Masten Space estava desenvolvendo o módulo de pouso XL-1, que levaria à Lua o roverMoonRanger, junto de outros oito equipamentos científicos.
A informação vem de uma fonte anônima do site Parabolic Arc, que alega ter participado da reunião onde os 20 funcionários – 15 deles, engenheiros do XL-1 – foram comunicados da decisão. Tal reunião teria acontecido em 24 de junho de 2022.
“A [missão] XL-1 está basicamente morta. Até onde sei, todos os que trabalhavam exclusivamente nela foram demitidos”, disse a fonte, que pediu anonimato por não ter autorização para comentar o assunto em caráter público.
De acordo com o seu relato, os 15 engenheiros foram demitidos, enquanto outras cinco pessoas foram colocadas no que a lei trabalhista norte-americana chama de furlough – eles seriam dispensados, mas poderiam ser chamados de volta caso necessário. A prática, no entanto, tem um prazo – esse processo deve durar por todo o mês de julho.
Já não é de hoje que as coisas não vão bem para a Marsten Space: nos últimos quatro meses, a companhia baseada em Mojave, na Califórnia, vinha cortando funcionários mais antigos e até alguns presentes desde a fundação da empresa – em março, foi Reuben Garcia, Diretor de Gestão de Operações Técnicas, quem “rodou”. Já o antigo CEO, Sean Mahoney, anunciou a sua partida em abril.
Uma segunda fonte afirmou que o estacionamento de funcionários da empresa esteve vazio ao longo da última semana, citando até um momento onde um entregador tentava a todo custo encontrar alguém para assinar a chegada de um pacote. Ele foi forçado a ir embora com a encomenda.
A missão lunar da NASA é parte do seu programa CLPS (sigla para “Serviços Comerciais de Entrega Lunar de Carga Útil”). Em abril de 2020, a agência confirmou a contratação da Marsten Space após licitação, dando-lhe um contrato de US$ 75,9 milhões (R$ 409,82 milhões). Essencialmente, sob este programa, a NASA paga empresas para criar e entregar equipamentos como veículos e sistemas de base à Lua, ao invés de desenvolvê-los por conta própria.
O programa é bastante conectado ao Artemis, o projeto da NASA que ambiciona levar o homem de volta à Lua ainda nesta década.
“O contrato inclui serviços de ponta a ponta para entrega de instrumentos, integração de cargas, lançamento da Terra, pouso na superfície da Lua e auxílio operacional por pelo menos 12 dias”, disse a NASA em um comunicado divulgado na imprensa durante a entrega do contrato.
O módulo XL-1 estava originalmente programado para lançamento em dezembro deste ano, sendo adiado para novembro de 2023 por, segundo a Marsten, problemas na oferta de componentes e dificuldades na cadeia de suprimentos causada pela pandemia da COVID-19.
Segundo a fonte, contratadas do CLPS normalmente têm que suplementar o financiamentos dos projetos ao executar serviços externos por conta própria – um “freelancer”, se preferir. Foi aí que os problemas começaram: a fonte afirma que a Marsten ofereceu serviços baratos demais, que nem de perto cobririam os custos extras.
“Quando o comitê de diretores conduziu Sean Mahoney à saída, o investidor de longa data Joel Scotkin assumiu o cargo de CEO interino”, disse a fonte. “Ele tentou assegurar a equipe, dizendo que a Masten tinha uma ‘folga’ de dois meses e que teríamos tempo de sobra para encontrar investidores. Nessa mesma época, porém, nós começamos a perder mais gente, talvez em um ritmo de duas a três pessoas por semana”.
“Scotkin tentou levantar fundos, e até tivemos algumas cartas sinalizando intenções favoráveis, mas nenhum acordo foi para frente”, ela continuou. “Nossa maior falha, no geral, foi a de nunca termos um engenheiro que chefiasse o projeto, e nosso time de engenharia de sistema nunca havia trabalhado com uma nave espacial (boa parte deles veio da construção civil, se não me engano)”.
O Parabolic Arc procurou Scotkin para comentar pelo lado da Marsten, mas nem a empresa, nem a NASA teceram qualquer opinião sobre o assunto.
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Fonte: Olhar Digital
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