O dia 15 de julho foi proposto pela Ordem Nacional dos Escritores em 1992 como data para ser celebrado no país o Dia do Homem, com o objetivo de voltar as atenções para a saúde masculina. De lá para cá, houve um avanço nos trabalhos de conscientização, que ajudaram em uma maior ida dos homens ao médico – ainda que seja necessário avançar muito mais nesse tipo de atitude.

Um novo levantamento da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) indica que, neste ano de 2022, houve menos atendimentos à saúde de homens do que de mulheres até o momento no país. Com base nos dados do Sistema de Informação Ambulatorial do Ministério da Saúde, enquanto cerca de 312 milhões de homens já foram atendidos, o número de mulheres ultrapassa os 370 milhões.

Para o coordenador do Departamento de Andrologia, Reprodução e Sexualidade da SBU, Eduardo Miranda, o homem vai menos ao médico por causa de uma questão cultural. “Ainda há um certo tabu, muitas vezes, eles não têm a cultura do autocuidado e ir ao médico é visto como sinal de fraqueza”.

Isso porque a menina é levada pela mãe ao ginecologista desde a primeira menstruação, “enquanto o homem não vai ao médico depois que ele não precisa mais de acompanhamento regular com pediatra”, aponta. Os atendimentos específicos deixam a situação ainda mais discrepante entre homens e mulheres. Foram mais de 1,2 milhão de atendimentos femininos por ginecologistas contra apenas 200 mil atendimentos masculinos por urologistas.

Campanhas ajudam, mas é necessário ir além

Para o presidente da SBU, Alfredo Canalini, as principais causas que afastam o homem das consultas médicas são o medo e a desinformação. “Mas as campanhas que a SBU promove ano após ano indicam uma mudança de comportamento, e já sentimos uma diferença significativa com a procura espontânea, principalmente para a avaliação da próstata”.

Ainda assim, é necessário ir muito além. Como aponta a diretora de Comunicação da SBU, Karin Anzolch, ao alertar sobre o câncer de bexiga, que acomete três vezes mais os homens do que as mulheres. “É o segundo tumor mais frequente na urologia, somente atrás do câncer de próstata”, acrescenta. A médica aponta que muitos homens “ainda desconhecem os fatores de risco e os sinais de alerta para essa doença, que pode ser muito grave e devastadora”.

Câncer de próstata e de bexiga

Conforme traz a SBU, estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam que devem ser identificados 7.590 novos casos de câncer de bexiga entre os homens e 3.050 entre as mulheres em 2022. Para termos ideia da gravidade da doença, segundo dados de 2020 do Inca, houve 4.595 óbitos causados por tumor na bexiga: 3.097 de homens e 1.498 de mulheres.

O principal fator de risco para a doença é o tabagismo, relacionado entre 50% a 70% das ocorrências. O supervisor da disciplina de câncer de bexiga da SBU, Felipe Lott, lembra que outros fatores também podem influenciar nesses casos, incluindo a exposição a compostos químicos “como aminas aromáticas, ácido aristolóquico (suplementos dietéticos), pioglitazona (medicamento para diabetes), arsênico na água potável, baixo consumo de líquidos, irritações crônicas, infecções, fatores genéticos, quimioterápicos, radioterapia”.

Motivos principais para ida ao médico

Eduardo Miranda diz que o motivo da ida ao médico depende da faixa etária do homem. Na adolescência e na fase adulta, são as infecções sexualmente transmissíveis. Com o avanço da idade, as doenças da próstata e as disfunções sexuais estão entre as principais enfermidades masculinas – e há outras doenças que são mais prevalentes, como hipertensão, doença cardíaca, diabetes e obesidade.

Conforme as observações do coordenador, os motivos masculinos da ida ao médico na infância são alterações do trato geniturinário, fimose, hérnia. Mas na adolescência, “a maioria não frequenta o ambulatório, e isso é uma coisa que a SBU vem tentando mudar”.

Dificuldade na fertilidade e cálculos renais perturbam mais os adultos jovens geralmente, enquanto a partir dos 40 anos, “temos a ida rotineira para prevenção do câncer de próstata e já começam a aparecer o crescimento benigno da próstata e sintomas urinários”. A partir dos 50 anos, Miranda diz que são comuns queixas de disfunção erétil “e os sintomas urinários vão aumentando progressivamente”.

Alguns números apresentados sobre enfermidades são de que 5% do total de casos de câncer nos homens correspondem ao de testículo. Em 2021, foram registrados 1.791 casos de câncer de pênis. Por sua vez, a estimativa para o câncer de próstata está em 65 mil novos casos. Já a disfunção erétil atinge em torno de 16 milhões de homens com idade acima de 40 anos no Brasil.

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Imagem: nito100/iStock

ViaAgência Brasil