Diversas pessoas já entenderam a importância da “Transformação Digital”. Entre elas temos algumas que já encontraram até o melhor caminho que a empresa deveria seguir, pois começaram há anos – antes mesmo de existir um termo para isso -, e outras que têm dificuldade em criar essa jornada. O que se deve fazer, quais são as áreas envolvidas, como engajar o time de trabalho, quais tecnologias devemos incorporar? Muitas dúvidas podem surgir só ao cogitar a mudança.

Pensando de forma simples e objetiva, posso pontuar quatros pilares fundamentais para a transformação digital de uma empresa: cultura mais ágil; equipe mais funcional; processos diferenciados; e domínio tecnológico. E vou explicar o porquê, mas preciso, primeiro, trazer algumas reflexões.

Há alguns anos, se precisássemos analisar a nossa concorrência e os produtos que ela estava lançando para os clientes, olhávamos para o mercado e para as empresas que eram do mesmo setor que a nossa. Por exemplo, se eu era fabricante de carros, eu olhava para o que as outras fábricas estavam fazendo e os produtos que estavam colocando no mercado para conseguir me calibrar. Atualmente quem vende carro está concorrendo com aplicativos de transporte, que são um software. Ou seja, a visão estratégica mudou muito.

A chave para o sucesso atualmente é ter uma mentalidade mais digital do processo, ou seja, analisar possíveis modelos de negócio frente à disrupção tecnológica. É preciso olhar a estratégia e as disrupções que podem acontecer agora que o mercado está muito mais conectado e empresas de hardware, por exemplo, podem impactar empresas de software. E quando digo estratégia, não quero dizer apenas da transformação, mas de todo o seu negócio.

As empresas precisam trazer o cliente para mais perto, pois a tecnologia possibilita isso. Conectar o cliente significa repensar o produto ou serviço que você oferece a ele. Isso vai permitir que você olhe para dentro dos processos do negócio – o que chamamos de operações – e definir o que precisa ser transformado.

Devemos sempre levar em consideração que o nosso serviço ou produto pode se tornar inutilizado por causa de uma tecnologia criada ou desenvolvida por um concorrente que nem estava no nosso radar, pois não seria, antigamente, o nosso concorrente direto.

Diante deste risco, volto aos quatro pilares anteriormente citados, pois entendo que preciso olhar para a minha empresa e entender como posso repensar a minha estratégia, como vou aplicá-la, quais áreas vou priorizar e como posso mudar a cultura. Então vou precisar gerir isso, o que significa reengajar meus colaboradores, trazer agilidade e diversidade para o trabalho, e dominar, além da tecnologia, a visão da transformação, desde a estratégia até os processos internos.

Na transformação digital, enxergar a jornada é importante, mas traçar o caminho é fundamental.

*Carlos Valente é professor e líder do Programa Avançado em Transformação Digital: Gestão, Operações e Tecnologia, do Insper