De alguns anos pra cá, o termo NFT tem sido pauta de diversas discussões. Além das populares artes exclusivas, como as do macaco Bored Ape Yacht Club, esse mercado comercializa bancos de dados, bilhetes digitais e itens de jogos. Através do “packing” é possível digitalizar diversos conteúdos para transformá-los nos populares NFTs. Sendo assim, a indústria da música não perde tempo em meio às novidades de mercado e aderiu aos tokens não-fungíveis.
Músicos de todo o mundo têm comercializado os direitos autorais de suas músicas, shows online e artes de bandas através dos tokens. A cantora Grimes arrecadou cerca de US$ 600 milhões em leilão digital para comercializar itens exclusivos como imagens, vídeos e áudios da sua coleção WarNymph. O DJ Steve Aoki criou um metaverso para apresentar seus shows em que os ingressos são adquiridos através de tokens. No Brasil, a cantora Elza Soares, antes de falecer, colocou a venda de 20% dos direitos da canção “Drão”, composta por Gilberto Gil.
A comercialização através dos tokens é vantajosa por conseguir vender composições e itens relacionados à música de maneira menos burocrática. Transações ou leilões virtuais que utilizam moedas digitais por meio do blockchains trazem ganhos mais vantajosos aos produtores e artistas.
Além da rentabilidade, o mercado de NFTs pode ser visto como uma maneira de desmonopolizar os direitos sobre uma determinada composição. Porém, é necessário lembrar que a maioria das músicas tem seus direitos autorais atrelados a gravadoras, e muitos profissionais estão envolvidos com a produção de determinada canção. Essa é a principal dor de cabeça para quem deseja comercializar música pela tokenização.
“Estamos em um mercado muito oligopolizado e controlado por multinacionais, que detém e controla 80% do conteúdo. Para conseguir fracionar um ativo e vendê-lo no NFT, é necessário ser o titular dele, e é aí que entram as majors participando: para que você possa vender, é necessário tê-las como intermediadoras pois são as donas do ativo”, comenta Daniel Campello, advogado e CEO da ORB Music, líder em gestão de direitos autorais no Brasil.
Com a internet, a pirataria se tornou um problema recorrente para gravadoras que tentam assegurar que a reprodução de seu produto seja disponibilizado por meios legais. Os blockchains, responsáveis pelas transações de itens NTF, não garantem que as composições sejam mantidas 100% como não pirateadas, mas asseguram a exclusividade sobre o direito digital de uma composição e dão o certificado de exclusividade ao comprador.
Uma espécie de pirataria pode surgir por meio dos NTFs. Existe o risco de composições menos populares serem tokenizadas e comercializadas sem o conhecimento do autor.
“Podemos até citar o caso do time do Flamengo. Tentaram fazer um NFT da camisa de um jogador famoso, e o time está processando quem fez esse NFT, porque pertence ao Flamengo. Então eu não posso pegar um exemplar de uma camisa e vender no meio digital, porque não é o meio que aquela camisa foi comprada originalmente. O mesmo se aplica para a música, não posso pegar um disco e fazer um NFT se ele é de uma gravadora, então essa parte do controle é a primeira coisa, o controle da propriedade é o primeiro problema que eu vejo pra que a gente tenha de fato NFTs na música que deem resultado”, exemplifica Campanello.
Com informações de: Orb Music.
Imagem: Ormalternative/ Shutterstock
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Fonte: Olhar Digital
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