Um artigo publicado recentemente no The Astrophysical Journal Letters descreve uma descoberta fascinante feita por uma equipe composta por pesquisadores da China e da Alemanha: a cerca de 22 mil anos-luz da Terra, uma estrela diferente de todas as outras apresenta uma força magnética que supera qualquer coisa já vista pelos cientistas no espaço.

Chamado Swift J0243.6+6124, o pulsar tem impressionante 1,6 bilhão de Tesla (T – unidade que mede a densidade do fluxo magnético), o que estabelece um novo recorde ao superar a marca de um bilhão de T descoberta em torno dos pulsares GRO J1008-57 e 1A 0535+262.

O pulsar Swift J0243.6+6124 tem um campo magnético recorde de alta resistência com incríveis 146 quiloelétrons volts (keV) de potência. Imagem: Academia Chinesa de Ciências

A título de comparação, um ímã de geladeira tem cerca de 0,001 T, enquanto as máquinas de ressonância magnética mais poderosas conseguem atingir cerca de 3 T.

De acordo com o site ScienceAlert, a Swift J0243.6+6124 já era considerada uma estrela que valesse a pena ser estudada. Isso porque esse tipo de “peso pesado cósmico super compacto” é a única fonte de raios-X na Via Láctea a se encaixar na categoria ultra luminosa. Além disso, é também o único exemplo na nossa galáxia de um pulsar de raios-X se alimentando de uma estrela companheira tipo Be de forma rápida o suficiente a ponto de gerar jatos emissores de rádio de matéria de seus polos.

Segundo os autores do novo estudo, medir o campo magnético de um objeto distante é mais fácil na teoria do que na prática. Por mais fortes que sejam, esses campos rapidamente enfraquecem até se tornarem indetectáveis a distâncias de milhares de anos-luz.

Felizmente, no entanto, sinais podem ser encontrados na forma como o brilho ultra brilhante dos raios-X se espalha dos elétrons que descem a pista magnética, uma característica de dispersão de ressonância ciclotron.

Em 2017, a China lançou o observatório de raios-X Insight-HXMT, que fornece aos astrofísicos uma maneira de capturar assinaturas como essas em emissões distantes, o que levou à medida das energias eletrônicas no campo GRO J1008-57, em 2020.

Paralelamente, uma explosão de atividade no pulsar Swift J0243.6+6124 também foi detectada pelo observatório, dando um vislumbre de seu próprio campo magnético de alta resistência, com um recurso de dispersão de ressonância ciclotron em seu espectro de raios-X.

Pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências e da Universidade Sun Yat-Sen, na China, em parceria com cientistas da Universidade de Tübingen, na Alemanha, analisaram posteriormente o recurso para calcular a energia de seus elétrons ao pico em incríveis 146 quiloelétrons volts (keV), superando os 90 e os 100 keV dos recordistas anteriores.

Tendo em vista que o Swift J0243.6+6124 é o único pulsar de raios-X ultra luminescente em nossa galáxia, ter uma medida precisa de seu campo magnético dá aos astrônomos uma ideia melhor do que pode estar acontecendo perto de sua superfície.

Para os astrofísicos interessados em entender os mistérios de alguns dos objetos mais exóticos do espaço, essa descoberta tem um significado imenso. Para nós, é o suficiente apenas para tentar imaginar o poder de um ímã de 1,6 bilhões de T preso à nossa geladeira.

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