Um estudo publicado no Journal of Comparative Psychology, conduzido por pesquisadores da Universidade Estadual de Nova York em Buffalo, nos EUA, descobriu que os cachorros têm a capacidade de formar conceitos abstratos a partir de treinamentos. Isso significa que eles conseguem aplicar os ensinamentos básicos recebidos no adestramento em situações diversas, o que demonstra que, embora sejam animais irracionais, sim, os cães pensam.
“Descobrimos que os cães poderiam ser treinados para repetir ações específicas e, em seguida, pegar o que tinham aprendido e aplicá-lo a ações que nunca tinham sido solicitados a repetir”, disse Allison Scagel, estudante de pós-graduação do departamento de psicologia da Universidade de Buffalo e autora correspondente do estudo.
“Historicamente, há uma noção de que a consciência das experiências pessoais passadas é domínio exclusivo dos seres humanos, mas pesquisas recentes não estão apoiando essa conclusão”, explicou a pesquisadora. “Nosso estudo mostra que os cães são capazes de conceituar, colocando-os em uma categoria em expansão de outros animais que inclui golfinhos de nariz de garrafa e chimpanzés”.
Segundo ela, seus achados apresentam novas possibilidades flexíveis de treinamento para cães. “Os cães podem fazer mais do que aprender a relação entre a sugestão de uma pessoa e qual truque específico eles devem realizar. Eles podem entender o conceito de repetição: o que quer que você tenha feito, faça isso de novo. Pode se aplicar a qualquer coisa que eles fazem”.
Os animais são frequentemente testados em sua capacidade de recordar coisas no ambiente externo que observaram recentemente, como objetos, sons ou aromas. Memórias de ações, no entanto, são diferentes porque não são externamente perceptivas. Elas são representações puramente mentais de experiências pessoais anteriores que podem ser lembradas de formas que podem influenciar o que um animal escolhe fazer.
Para essa nova abordagem, segundo o site Futurism, os pesquisadores analisaram as memórias dos cães de suas próprias ações recentemente realizadas para determinar se eles poderiam voluntariamente pensar no que tinham acabado de fazer e reproduzir essas ações.
Como foi conduzido o estudo com os cachorros
Foram utilizados três cachorros na pesquisa: Todd, um chihuahua de cabelos longos, pertencente a Scagel; Aspen, uma golden retriever de um conhecido dela, e Layla, dessa mesma raça, pertencente ao coautor do estudo Eduardo Mercado III, professor de psicologia na Universidade de Buffalo.
Os treinamentos tradicionais de cães são baseados em sugestão e resposta. Quando eles ouvem ou veem uma sugestão treinada, respondem com um comportamento associado a essa deixa.
Nesse estudo, os pesquisadores começaram a treinar os cães dessa forma, com comandos simples como girar em um círculo, deitar ou andar em torno de um objeto.
Os cães então aprenderam uma sugestão de repetição separada (a palavra “novamente” acompanhada de um gesto de mão), que os instruiu a reproduzir a ação que tinham acabado de completar.
Para avaliar se os animais tinham realmente aprendido um conceito geral de repetir ações recentes, eles foram incitados a repetir novas ações que nunca tinham sido solicitadas a repetir antes. Embora nunca tenham sido treinados para repetir essas ações, eles passaram no teste.
“Este é um passo importante para uma maior compreensão de como outras espécies formam conceitos abstratos”, diz Scagel. “E estamos aprendendo que os humanos não são tão cognitivamente únicos, afinal”.
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Fonte: Olhar Digital
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