Depois de muito debate (e um monte de ameaças), parece que as relações entre Rússia e EUA estão se ajeitando – ao menos, no que tange à exploração espacial. Uma nova parceria assinada pela agência espacial Roscosmos com a NASA permitirá o compartilhamento de recursos colaborativos. Na prática, isso deve permitir que cosmonautas russos usem naves da SpaceX para viajar à Estação Espacial Internacional (ISS).

Isso porque, no lado ocidental da ISS, os astronautas da NASA e da ESA, a agência espacial europeia, a empresa fundada por Elon Musk é a que detém o contrato de transportes de cargas – humana ou de equipamentos – à estação. Anteriormente, a Rússia usava seus próprios recursos, como os foguetes e naves Soyuz.

Imagem mostra a cosmonauta russa Anna Kikina, que voará a bordo de uma nave da SpaceX em setembro
Única cosmonauta do sexo feminino na ativa pela Roscosmos, Anna Kikina vai voar em setembro a bordo de uma espaçonave norte-americana em missão da SpaceX (Imagem: Roscosmos/Divulgação)

O ambiente na ISS sempre foi um de colaboração e, dentro do que era possível, livre de desavenças políticas: desde seu lançamento em 1998, a estação contou com os EUA e a Rússia como apoiadores majoritários.

Entretanto, desde que o presidente Vladimir Putin autorizou as ações militares que iniciaram a guerra na Ucrânia, vários países do mundo – sobretudo, os EUA – impuseram sanções que vinham machucando o programa espacial russo.

Não que isso fizesse a maior nação do leste europeu retrair suas ações: Dmitry Rogozin, o controverso (agora, ex) diretor da Roscosmos, constantemente ameaçava ações bem drásticas: ele chegou a divulgar uma vídeo montagem que mostrava a ISS explodindo, afirmando noutra ocasião que os russos poderiam “deixá-la cair” sobre os EUA. Rogozin também tem um intenso desafeto por Elon Musk, a quem constantemente atacava em entrevistas e nas redes sociais.

Seguindo a sua saída do cargo, a Roscosmos não perdeu tempo em tentar restabelecer o ambiente colaborativo – uma ação bem elogiada pela NASA, segundo um comunicado: “voar tripulações integradas assegura que a estação sempre tenha membros apropriadamente treinados para a manutenção primária e caminhadas espaciais”.

A parceria serve para reforçar o ambiente colaborativo em dois voos já planejados: de um lado, a missão Crew-5 levará uma nave Crew Dragon (SpaceX) à ISS, com uma tripulação formada por Andrei Fedyaev e Anna Kikina (Roscosmos), Nicole Mann e Josh Cassada (NASA) e Koichi Wakata (JAXA, a agência japonesa). A missão deve sair em algum momento de setembro.

Paralelamente, os astronautas Frank Rubio e Loral O’Hara foram escolhidos pela NASA para voar a bordo da nave Soyuz MS-22 em duas ocasiões: Rubio será lançado à ISS em 22 de setembro, junto dos cosmonautas Sergey Prokopyev e Dmitry Petelin, enquanto O’Hara deve partir em 2023, com tripulação ainda não confirmada.

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