Pesquisadores do McMaster College reconstruíram o genoma da bactéria intestinal Escherichia coli utilizando um cálculo biliar (pedras que se formam na vesícula biliar) de uma múmia italiana do século XVI.
Dentre os diversos fragmentos mumificados encontrados na Abadia de São Domenico Maggiore, em Nápoles, em 1983, a força tarefa analisou os despojos mortais de uma pessoa, do sexo feminino, a qual se acredita ter morrido em 1586, aos 48 anos de idade, com complicações crônicas na vesícula biliar.
Os investigadores removeram os fragmentos da bactéria do corpo da múmia e utilizaram o tecido para decifrar o genoma. Com isto, eles perceberam as capacidades do material genético da bactéria. Com esses resultados, espera-se que os pesquisadores, em busca de mais detalhes sobre a evolução desse patógeno oculto, possam ser ajudados.
Genoma da bactéria na múmia
A Escherichia coli é um tipo de bactéria que coloniza o intestino de pessoas e animais saudáveis. Na maior parte do tempo, ela é um microrganismo comensal, ou seja, ela participa de uma relação ecológica interespecífica (entre espécies diferentes) que não causa prejuízo a nenhum dos envolvidos, mas só beneficia apenas um dos atores da relação.
“Um foco estrito em patógenos causadores de pandemias como a única narrativa de mortalidade em massa em nosso passado perde o grande fardo que decorre de comensais oportunistas impulsionados pelo estresse das vidas vividas”, diz o geneticista evolucionário Hendrik Poinar, diretor da McMaster’s Ancient DNA Center e pesquisador principal do Instituto Michael G. DeGroote para Pesquisa de Doenças Infecciosas da universidade.
A maioria das E.coli não representam um perigo para o hospedeiro, enquanto elas permanecem dentro do intestino. Entretanto, a E.coli além de ser um micróbio oportunista, pois, em situações de vulnerabilidade imunológica do hospedeiro, ela se prolifera e causa prejuízos à saúde, algumas cepas descobertas podem desencadear surtos de contaminação de refeições, e causar infecções na corrente sanguínea.
“Depois de analisarmos essas estadias, não havia provas para dizer que esse homem tinha E. coli. Em contraste com uma infecção como a varíola, não existem indicadores fisiológicos. Ninguém sabia o que era”, afirmou George Longy, um estudioso de bioinformática da McMaster.
Outro ponto importante diz respeito à facilidade de se adaptar dessa bactéria, o que a torna imune a diversos medicamentos.
Fonte: Olhar Digital
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