Um artigo publicado nesta segunda-feira (25) na revista científica Advanced Science descreve um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Rice, renomada instituição de pesquisa localizada em Houston, no estado norte-americano do Texas, que pode ser considerado “macabro” por alguns. Eles transformaram aranhas mortas em “necrobots”, pegadores mecânicos parecidos com aquelas famosas gruas existentes em máquinas de capturar pelúcias.
A ideia de transformar aranhas mortas em guindastes robóticos veio da observação das patas desses animais, que, de acordo com os autores do artigo, podem segurar objetos grandes, delicados e irregulares de forma firme e suave sem quebrá-los.
Em colaboração com o engenheiro mecânico Daniel Preston, a estudante de engenharia mecânica Faye Yap e seus colegas descobriram uma maneira de fazer as pernas de uma aranha-lobo morta se desenrolarem e se agarrarem aos objetos.
Embora não tenham músculos para extensão, as aranhas movem as pernas por pressão hidráulica. Elas têm uma câmara de prosoma – ou cefalotórax – que, ao contrair, envia fluido interno do corpo para suas pernas, fazendo-as estender.
Então, a equipe inseriu uma agulha no cefalotórax do cadáver da aranha e criou um lacre ao redor da ponta da agulha com supercola. Um leve sopro de ar através da seringa foi suficiente para ativar as pernas do animal, alcançando uma gama completa de movimento em menos de um segundo.
“Pegamos a aranha e colocamos a agulha nela sem saber o que ia acontecer”, diz Yap em um vídeo divulgado pela Rice. “Tínhamos uma estimativa de onde queríamos colocar a agulha. E quando o fizemos, funcionou da primeira vez, logo de cara. Eu nem sei como descrever aquele momento”.
A equipe foi capaz de fazer a aranha morta agarrar uma pequena bola e usou esse experimento para determinar uma força de aderência máxima de 0,35 mililitros. Eles então demonstraram o uso desse necrobot para pegar objetos delicados e eletrônicos, incluindo um pequeno componente de uma torradeira elétrica e um pedaço de espuma de poliuretano.
Em seguida, os cientistas demonstraram que a aranha morta também poderia suportar o peso de outra aranha do mesmo tamanho.
“O conceito de necrobótica proposto neste trabalho aproveita desenhos únicos criados pela natureza que podem ser complicados ou até impossíveis de replicar artificialmente”, diz o artigo.
Outro ponto favorável é que as aranhas são biodegradáveis, então seu uso reduziria a quantidade de resíduos em robótica.
No entanto, conforme destaca o site Science Alert, o dispositivo apresenta também desvantagens. Uma delas é que ele começa a experimentar algum desgaste após dois dias ou depois de mil ciclos abertos e fechados.
“Isso pode estar relacionado a questões com desidratação das articulações. Achamos que podemos superar isso aplicando revestimentos poliméricos”, explica Preston.
Os pesquisadores experimentaram um revestimento de cera de abelha nas aranhas-lobo e descobriram que sua diminuição de massa foi 17 vezes menor do que a aranha não revestida ao longo de 10 dias, o que significava que ela estava retendo mais água e seu sistema hidráulico poderia funcionar por mais tempo.
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Fonte: Olhar Digital
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