O Olhar Digital revelou recentemente que o aumento do “efeito de arrasto” em decorrência de tempestades solares pode acelerar a queda de alguns satélites na queda. No entanto, essa não é a única consequência que esse fenômeno pode trazer para os objetos que estão em órbita, especialistas se preocupam com o alto risco de colisão de satélites entre si ou até mesmo com detritos.
A Rede de Vigilância Espacial dos Estados Unidos (SSN) rastreia atualmente cerca de 20.000 objetos na órbita terrestre baixa (região do espaço na altitude de 1.000 km). Alguns desses elementos são satélites operacionais, mas a maioria são naves espaciais não-operacionais, partes de foguetes e fragmentos de detritos gerados em colisões.
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Os especialistas da SSN usam radares para monitorar e manter o controle de onde esses objetos estão localizados e projetar suas trajetórias para o futuro. Quando dois objetos, por exemplo um pedaço de detrito espacial e um satélite, aproximam-se perigosamente um do outro, um operador de satélite recebe um aviso. Em alguns casos, eles conduzem manobras de evasão para evitar uma queda ou uma colisão.
Entretanto, há situações imprevisíveis, pois nem sempre é possível ter certeza da posição na qual esses objetos se encontram e essa imprevisibilidade aumenta durante as tempestades solares.
Os gases presentes na termosfera terrestre (camada superior da atmosfera, localizada entre 100 e 600 km) estão mudando. Nessas altitudes, eles interagem com partículas emitidas pelo Sol, através das Ejeções de Massa Coronal (EMCs), ou seja, das grandes erupções de plasma magnetizado da atmosfera solar. Essas interações levam os gases mais densos, que estão em altitudes mais baixas, para cima, onde estão os satélites. Essa repentina mudança provoca um arrasto mais forte, que altera a velocidade desses objetos e os direciona para a Terra.
Em declaração ao site Space.com, o coordenador do programa do Space Weather Prediction Center (SWPC), da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), Bill Murtagh, disse que “quando obtemos um evento muito grande e vemos um intenso aquecimento da atmosfera [superior], os satélites não estarão onde deveriam estar”.
Entretanto, felizmente, essas tempestades solares super poderosas não acontecem com tanta freqüência.
Uma das maiores preocupações dos especialistas é com o aumento do número de satélites e detritos espaciais orbitando o planeta atualmente. Isso porque, a próxima grande tempestade solar, poderá deixar o entorno da Terra caótico por várias semanas.
Tempestade solar após o início das explorações espaciais
Em outubro de 2003, centenas de naves espaciais ficaram fora do campo de visão dos controladores de satélites. Essa situação durou por dias e aconteceu depois que uma grande tempestade solar atingiu a Terra. Desde esse evento chamado de “tempestades de Halloween”, a Terra vive um período bastante calmo.
Em 2003, por sorte, não aconteceram colisões. Mas, desde o ano das tempestades de Halloween, a presença de objetos na órbita terrestre cresceu 4 vezes, portanto, há aumento também nas chances de colisões, ainda mais no atual ciclo solar, iniciado em 2019 e considerado muito mais intenso que o anterior.
Segundo Berger, “os operadores de satélites em órbita terrestre baixa recebem agora cerca de um aviso por dia . Um aviso por semana é sério o suficiente para analisar com mais detalhes, e a cada poucas semanas eles têm que gerenciar a situação para reduzir a probabilidade de colisão. Não era assim no passado”.
Há vários anos, a comunidade de segurança espacial alerta sobre a crescente quantidade de detritos na órbita baixa da Terra. Estes destroços, juntamente com o aumento do número de satélites operacionais na última década, ameaçam a sustentabilidade das operações no espaço.
Os especialistas já estão providenciando medidas para minimizar os estágios iniciais da chamada síndrome de Kessler, uma imparável cascata de colisões que pode tornar o ambiente orbital tão inseguro que o tornaria inútil.
Em fevereiro, a SpaceX perdeu 40 satélites Starlink logo após o lançamento e a culpa desse desastre foi atribuída a uma tempestade geomagnética bastante suave. A Agência Espacial Europeia (ESA) informou, no início deste ano, que seus satélites Swarm, responsáveis por medir o campo da Terra, estão caindo dez vezes mais rápido desde dezembro de 2021, do que em todos os anos anteriores desde seu lançamento, em 2013.
Ocorrências entre os séculos XIX e XX
Já ocorreram outras duas tempestades solares extremas na história conhecida. O chamado Evento Carrington, em 1859, derrubou as redes telegráficas em toda a Europa e América; Já a “New York Railroad Storm”, ocorrida em 1921, incendiou diversos centros telegráficos em todo o mundo, incluindo um na estação ferroviária do Grand Central Terminal, em Nova York.
Ambas as tempestades foram mais poderosas que aquela de 2003.
Berger afirma que “se algo como a tempestade de 1921 acontecesse hoje, poderia ter um impacto muito sério nas operações espaciais durante semanas, não apenas horas ou dias. E porque sabemos que vamos ser atingidos por uma grande tempestade em algum momento, precisamos estudar para melhorar os modelos [já existentes] e garantir que eles possam prever as mudanças que acontecem nestas tempestades geomagnéticas melhor do que eles podem agora”.
Via: Space.com
Fonte: Olhar Digital
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