Nesta quinta-feira (11), às 22h35 (pelo horário de Brasília), tem início a lua cheia de agosto, conhecida como “lua cheia do esturjão”. Para quem não sabe, esturjão é um tipo de peixe, e a denominação dessa lua foi dada em razão da época em que esse animal é encontrado em grande quantidade e pescado mais facilmente nos Grandes Lagos da América do Norte, entre o Canadá e os EUA.
De acordo com o Old Farmer’s Almanac (Almanaque do Velho Fazendeiro), uma das publicações mais tradicionais dos EUA, a lua cheia de cada mês do ano tem uma designação própria. Em 2022, já tivemos seis luas cheias e, depois da Lua do Esturjão, temos mais quatro pela frente.
Com cerca de 2,5 metros de comprimento e pesando até 125 kg, o esturjão de água doce é a maior e mais antiga espécie de peixe dos Grandes Lagos, sendo uma fonte essencial de alimento para tribos nativas americanas que viviam nas redondezas entre os séculos 17 e 18. Esse peixe apareceu pela primeira vez em registros fósseis há mais de 200 milhões de anos.
Embora esse seja o nome mais popular, a Lua do Esturjão também é chamada de Lua do Arroz, designação dada pelo povo ameríndio Anishinaabe, em razão de agosto ser a época de colheita em suas plantações de arroz selvagem.
Alguns europeus chamavam essa lua cheia de Lua Relâmpago, uma vez que há tempestades frequentes com trovões e alta incidência de raios durante o fim do verão no norte do continente. Outro termo vindo da Europa é Lua de Milho, indicando a fase mais propícia para colher esses grãos.
A Lua do Esturjão de 2022 é uma Superlua?
Diversas publicações estão noticiando a lua cheia de agosto como a última Superlua de 2022. Conforme muito bem explicado pelo nosso colunista Marcelo Zurita, esse termo pode – e também não pode – ser aplicado à Lua do Esturjão deste ano. Vamos entender:
De forma bem simples e resumida, quando o nosso satélite natural chega à fase completa praticamente ao mesmo tempo em que sua órbita elíptica faz sua aproximação máxima da Terra – ponto chamado de perigeu –, costuma-se chamar o fenômeno de Superlua (termo que se originou entre os astrólogos no final da década de 1970).
“Mas, sem saber o quão perto a lua cheia precisa estar da Terra, não dá para cravar se esta ou aquela lua cheia é uma Superlua”, explica Zurita, que é presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA) e diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON).
Segundo Zurita, até existem algumas tentativas de criar uma definição científica, completa e definitiva para o termo, mas é difícil chegar a um consenso, e talvez isso tenha algo a ver com ele vir da astrologia. “Na astronomia, sua utilização é recente e tem se mostrado uma boa forma de popularizar a ciência, mas muita gente ainda ‘torce o nariz’ para o termo, por considerá-lo um nome mercadológico para ‘vender’ a Lua Cheia no perigeu, que, na prática, não tem nada de super, nem representa nenhum fenômeno de interesse científico”.
Talvez por isso a União Astronômica Internacional (IAU) não demonstrou, até hoje, nenhum interesse em normatizar o termo. “Tudo que temos são as definições informais para a Superlua”, explica o astrônomo.
Pela definição do astrólogo Richard Nolle, “pai” do termo, pode-se chamar de Superlua quando a lua cheia está a menos de 90% de sua máxima aproximação com a Terra, até 368.360 km daqui. Assim, como a lua cheia desta quinta-feira estará a pouco mais de 361 mil km do nosso planeta, sim, enquadra-se como uma Superlua.
No entanto, conforme destaca Zurita, a delimitação determinada por Nolle não é uma unanimidade. A revista Sky and Telescope, por exemplo, prefere adotar a distância máxima de 358.884 km, e a Time and Date, 360 mil km. “Ou seja, segundo essas definições, em agosto deste ano, não temos nenhuma Superlua”.
Zurita explica que, no meio científico, os astrônomos preferem o termo “perigeu-sizígia” ou simplesmente “Lua Cheia no Perigeu”, adotado para quando a lua entra na fase cheia a menos de 24 horas do perigeu. “E neste critério, a lua cheia de agosto não é uma Superlua, já que ela chega a essa fase 32 horas e 20 minutos após ter atingido seu perigeu”.
Sempre que a lua cheia acontece próxima ao perigeu, ela aparece até 14% maior e 30% mais brilhante, se comparada à lua cheia do apogeu (ponto mais afastado da Terra).
De qualquer maneira, fica a dica preciosa do nosso colaborador: “Independentemente da forma como a chamamos, é um excelente momento para contemplar a Lua, seja a olho nu, seja através de telescópios, mas, preferencialmente, muito bem acompanhado”.
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Fonte: Olhar Digital
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