Uma nova análise de seis meteoritos lunares encontrados na Antártida traz a primeira prova definitiva de que a Lua herdou elementos químicos do interior da Terra.
Publicada nesta quarta-feira (10) na revista Science Advances, a descoberta endossa a ideia de que o nosso satélite natural nasceu quando alguma coisa extremamente forte bateu na Terra num passado distante, hipótese conhecida como teoria do impacto gigante.
Durante uma pesquisa de doutorado na Universidade Técnica de Zurique (ETH Zurich), na Suíça, Patrizia Will descobriu traços de hélio e neon — ambos gases nobres, que raramente se ligam a outros elementos — em seis meteoritos lunares da coleção Antártica da NASA.
Segundo o site Space.com, os meteoritos são compostos de uma rocha vulcânica chamada basalto, que se formou como magma do interior da Lua, esfriando rapidamente em seguida. A equipe liderada por Patrizia descobriu que esse processo de resfriamento criou partículas de vidro lunar dentro das amostras que retêm assinaturas químicas de gases solares.
Depois que o basalto se formou, camadas adicionais de rocha o envolveram, protegendo o vidro de partículas carregadas, tanto aquelas do fluxo constante de vento solar quanto aquelas de fora do sistema solar, conhecidas como raios cósmicos. De acordo com o estudo, o isolamento preservou essa impressão digital e garantiu a origem dos gases presos no interior.
A captura das impressões digitais de hélio e neon nos meteoritos foi possível graças a um espectrômetro de massa de gás particularmente sensível. “Encontrar gases solares, pela primeira vez, em materiais basálticos da Lua que não estão relacionados a qualquer exposição na superfície lunar foi um resultado muito emocionante”, disse Patrizia em um comunicado.
Além de reforçar a ideia de que um impacto gigante criou a Lua, o trabalho também pode estabelecer um roteiro para pesquisas sobre como os mundos rochosos do sistema solar se formaram.
Como os meteoritos da Lua chegaram à Antártida
Uma versão da teoria do impacto gigante propõe que um protoplaneta chamado Theia colidiu com a Terra cerca de 4,5 bilhões de anos atrás, em torno de 60 milhões de anos depois da formação do nosso mundo.
Esse impacto teria sido tão poderoso que foi capaz de ejetar elementos do interior da Terra, que permaneceram em órbita e se fundiram em outro corpo, em vez de caírem de volta no planeta.
Outras linhas que reforçam essa teoria incluem o fato de que a Lua é leve, sem grandes quantidades de ferro em seu interior, enquanto 30% da massa da Terra é selada em seu núcleo rico em ferro. As rochas do manto lunar também têm uma composição semelhante à da Terra e são significativamente diferentes dos meteoritos marcianos.
Sem uma atmosfera densa como a da Terra para queimar rochas espaciais, a Lua é constantemente bombardeada por asteroides. Foi provavelmente um impacto de alta energia de algum deles que desenterrou fragmentos de rocha das profundezas de um grande fluxo de lava na Lua, que caíram na Antártida e em diversas outras partes da Terra como meteoritos – e são cerca de 70 mil deles.
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Fonte: Olhar Digital
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