Um novo estudo identificou um local onde ocorriam abates de mamutes no estado do Novo México, nos Estados Unidos. Esse cemitério de mamutes foi descoberto por um cidadão comum, Gary Hartley, que avistou um pedaço de presa saindo da superfície e pode conter evidências sobre os primeiros seres humanos que colonizaram a América do Norte.
Os ossos encontrados passaram por uma série de técnicas de análise, incluindo tomografias computadorizadas de alta resolução e microscopia eletrônica de varredura, que revelaram possíveis sinais indicativos de manipulação humana. Se isso for verdade, os primeiros povos se estabeleceram no continente norte-americano muito antes do que os especialistas pensavam.
De acordo com os pesquisadores, os seres humanos teriam manipulado os fragmentos ósseos desses animais para criar ferramentas, como facas para cortar a carne dos mamutes e de outros animais. Essa situação pode ser corroborada pela presença de cinzas cristalizadas ao redor do local, semelhantes àquelas encontradas em lareiras, que indicam um incêndio controlado, provavelmente provocado para cozinhar a carne dos mamutes e de outros animais menores – há presença de fragmentos ósseos de animais menores e possivelmente até escamas de peixe.
Outro ponto interessante são os sinais de trauma causados pelo uso de força bruta, possivelmente com rochas – também encontradas na pilha de ossos. Um grande pedregulho e várias rochas do tamanho de um punho também foram encontrados entre os ossos dos mamutes, que os pesquisadores acham que poderia ter sido usado para ajudar a fraturar e quebrar as estruturas do animal, situação que explicaria as marcas de perfuração em algumas costelas de mamutes.
Em comunicado, o paleontólogo da Universidade do Texas, em Austin, Timothy Rowe, declarou que “O que temos é incrível”. Seria a primeira evidência de humanos na América do Norte. Fato que quase dobraria o tempo que os humanos ocuparam a porção norte do continente americano.
No local, foram encontrados restos incompletos de dois mamutes fêmeas, uma adulta e outra jovem. E, através da datação de carbono nos ossos, os pesquisadores estimaram que os restos mortais poderiam datar entre 36.250 e 38.900 anos atrás.
Apesar da animação do paleontólogo, com a análise dos ossos encontrados no sítio Hartley, estudos semelhantes a esse foram descartados como inconclusivos. Alguns especialistas são bem céticos em relação às conclusões que a equipe tirou dos restos mortais dos mamutes.
Primeiro povo na América do Norte
Até os anos 2000, acreditava-se que o povo Clovis, foi o primeiro grupo de seres humanos na América. Estima-se que ele chegaram há 13 mil anos atrás. O antropólogo, Justin Tackney, da Universidade do Kansas especializado em assentamento humano nas Américas, em declaração ao Live Science, disse que os povos pré-clovis chegaram há 16 mil anos, após o fim do Último Período Glacial (LGM – sigla em inglês), período em que o gelo cobriu a maior parte da Terra, entre 26.500 a 20.000 anos atrás.
No entanto, uma série de estudos recentes apontam inconsistências nessa teoria. Eles mostram que o povo pré-Clovis pode ser ainda mais antigo e ter surgido antes do LGM. Os gelo derretido dessa época provavelmente forneceu ao povo pré-Clovis uma oportunidade de atravessar o estreito de Bering, que conectou a América do Norte e a Ásia
Outros estudos sobre humanos
Em 2017, um estudo investigou uma pilha semelhante de ossos de mamute em San Diego, que revelou uma possível manipulação dos ossos por humanos, ocorrida há 130.000 anos. No entanto, os críticos argumentaram que a orientação incomum e o “desgaste” dos ossos também poderiam ser explicados por processos naturais e não foram definitivamente causados pelo homem.
Até agora, a evidência mais conclusiva vem de um estudo de 2021, que revelou um conjunto de 60 pegadas humanas, no Parque Nacional White Sands, também no Novo México. As marcas fossilizadas datam entre 21.000 e 23.000 anos atrás, segundo a análise do material orgânico preso dentro das pegadas, o que sugere que as pessoas pré-Clovis podem ter se mudado para a América do Norte antes ou durante o LGM. Porém, essa descoberta não foi suficiente para encerrar o debate.
Via: Live Science
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Fonte: Olhar Digital
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