A cada variante da Covid-19 que surge, emana também o medo e a dúvida: o quão mais contagiosa essa será? A última a assumir o posto foi a BA.5 da Ômicron, que frustrou qualquer plano de uma “folga” nos casos crescentes de infecção por coronavírus.
De acordo com cientistas ao The Wall Street Journal, as cepas estão evoluindo e se tornando melhores em evadir as defesas existentes de nosso sistema imunológico. Estima-se que a subvariante BA.5 seja cerca de 70% mais transmissível do que BA.2, outra variante da Ômicron conhecida como “ômicron silenciosa”. A escalada na taxa de contagio aconteceu, praticamente, com todas as versões do vírus, que foi se espalhando e se modificando.
Trevor Bedford, biólogo computacional do Fred Hutchinson Cancer Center, explicou também que além das infecções, as vacinas da Covid-19 mudaram nossas defesas imunológicas ao longo do tempo, dificultando os confrontos diretos entre variantes passadas e presentes. As características específicas que ajudam uma variante a prosperar e assumir o controle também se alteraram.
“As pressões são bem diferentes para o vírus agora”, disse Emma Hodcroft, epidemiologista molecular da Universidade de Berna e da Universidade de Genebra, na Suíça.
Então por que elas continuam contagiosas?
A verdade é que, se tratando de vírus (como exemplo, o da gripe), mutações, adaptações e estratégias de contornos já eram esperadas, visto que essa já é uma característica de vírus em geral. A questão aqui é que não dá para medir ou prever quando ou quanto uma cepa irá se modificar e o que ela irá se tornar – estudos até alcançam possibilidades, mas só há certeza após o processo consumado.
Pensando nisso, um relatório recente de cientistas do Broad Institute of MIT e Harvard comparou a transmissibilidade relativa de todas as variantes dominantes já existentes, levando em conta tanto a contagiosidade inata quanto a evasão imune. No caso da Covid, em comparação com a cepa original, a subvariante Omicron BA.2 mostrou uma aptidão 8,9 vezes maior do que o vírus inicial que surgiu em Wuhan, China.
Este salto da Ômicron e suas variantes foi o que ajudou a impulsionar o aumento de infecções.
Ainda segundo reportagem, a aptidão mutacional de uma variante se traduz na facilidade com que ela se espalha, ou seja, quanto mais capacidade de mudar, mais ela se espalha e mais se adapta. Contudo, isso é influenciado por uma série de fatores, incluindo as medidas que as pessoas tomam para limitar a propagação, como distanciamento social e uso de máscaras, e a imunidade acumulada na população.
Em resumo, tudo depende da taxa de transmissibilidade da variante, do tempo que ela leva para infectar pessoas, quantas pessoas ela contaminou e de que forma a população reagiu – no quesito medidas de segurança para conter a transmissão. Isso vai determinar a cepa mais eficaz em se espalhar e, possivelmente, em se tornar dominante.
No início da pandemia, quando a maioria da população ainda não havia tido contato com o vírus, as variantes se tornaram dominantes quando encontraram truques para se tornar naturalmente mais transmissíveis, como mudar sua forma para infectar melhor as células de uma pessoa ou fazer com que ela carregasse ou transmitisse níveis mais altos de vírus.
Mas agora, com pessoas já infectadas e vacinadas, as variantes se adaptaram e se tornaram mais capazes de contornar essas proteções acumuladas, o que pode dar a elas uma vantagem maior – aqui, especialistas ressaltam a importância das doses de reforço.
De acordo com informações do WSJ, com base nisso e em outros estudos os reguladores de saúde dos EUA instruíram fabricantes a atualizar suas vacinas da Covid-19 para atingir as subvariantes Omicron BA.4 e BA.5, além da cepa ancestral do vírus, com o objetivo de acompanhar o patógeno em mutação contínua.
Bedford destacou que, futuramente, é possível que o vírus fique sem estratégias para aumentar sua contagiosidade inata, porém, em relação a mutação, “essa esteira pode continuar para sempre”.
Fonte: Olhar Digital
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