Vice-prefeita da cidade afirma que cerca de 50 pessoas, entre os 458 civis que foram vítimas das operações russas, ainda não foram identificadas
Após quatro meses de um dos piores massacres no conflito no Leste Europeu, a qual a Ucrânia aponta a Rússia como culpada, Bucha começou a enterrar seus mortos. Envoltos em tecido roxo, onze caixões alinhados estavam sendo preparados para o enterro, cada um diante de uma cova recém-cavada. Entre eles há onze desconhecidos. O massacre nesta cidade ucraniana, que fica próxima à Kiev, foi o primeiro indício de crimes de guerra na Ucrânia. Na terça-feira, 9, quatorze corpos já tinham sido enterrados, seguidos por outros onze na quinta-feira, 11. Esse é apenas o começo, já que no momento estão previstas outras três cerimônias, disse Myjailyna Skoryk-Shkarivska, vice-prefeita de Bucha. Segundo ela, cerca de cinquenta pessoas, entre os 458 civis mortos durante a ocupação russa da cidade, ainda não foram identificadas. “Nosso objetivo é encontrar os parentes de cada pessoa”, diz a funcionária. Para isso, foram extraídas amostras de DNA, inclusive com a ajuda de gendarmes franceses, e tudo que possa ajudar a identificar um dos falecidos é publicado no Facebook. Entre as 11 pessoas enterradas nesta quinta-feira, dois homens portavam documentos de identidade.
Cruzes ortodoxas foram colocadas no chão. Junto a elas há uma pequena placa acompanhada de um número que servirá para localizar o corpo caso o teste de DNA apresente algum resultado ou apareça algum parente. “Para nós, é importante que essas pessoas sejam enterradas com dignidade, como seres humanos, e não como corpos inertes”, disse o padre Andrii Golovin com a voz firme, sem hesitar ao denunciar “esse ‘mundo russo’ que se manifestou diante de nossos olhos com todo o seu horror”. Aos onze caixões enterrados na quinta-feira, deve-se acrescentar um décimo segundo, o de Oleksandre Jmaruk, um ex-militar ucraniano de 37 anos que desapareceu desde meados de março e foi identificado de última hora graças a uma fotografia divulgada pelo aplicativo de mensagens Viber. Seus pais deixaram a cidade ocupada pelos russos pouco antes e o procuram desde então, sem sucesso. Tudo o que sabiam era que seu filho havia sido detido pelos russos. E que eles sabiam muito bem para onde estavam indo, considerando que em seu prédio as portas dos três apartamentos usados por soldados ou ex-soldados ucranianos foram arrombadas.
*Com informações da AFP
Fonte: Jovem Pan News
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