Estão cada dia piores as relações entre os EUA e a Rússia. O Pentágono, sede do Departamento de Defesa norte-americano, acusa o país governado por Vladimir Putin de perseguição a um de seus satélites de reconhecimento, uma prática conhecida como Tailgating – quando elementos não autorizados seguem indivíduos autorizados até localizações seguras, com o objetivo de obter ativos valiosos e informações confidenciais.

Órbitas dos satélites Kosmos-2558 e USA 326 estão próximas o bastante para o governo norte-americano acusar a Rússia de perseguição. Crédito: Marco Langbroek via Twitter

Na última semana, a Rússia lançou o Kosmos 2558, que parece ter sido colocado quase na mesma órbita do USA 326, um satélite norte-americano lançado em fevereiro. De acordo com o cientista holandês Marco Langbroek, especialista em Conscientização Situacional do Espaço Óptico, desde o dia 2 de agosto a espaçonave russa está espelhando a órbita do satélite dos EUA com uma diferença de apenas 0,04 graus e uma separação de 67 km. 

“Isso é um comportamento realmente irresponsável”, disse o general James H. Dickinson, que lidera o Comando Espacial dos EUA (US SPACECOM), em declaração ao jornal NBC Nightly News. “Vemos que está em uma órbita semelhante a um de nossos ativos de alto valor para o governo dos EUA”.

Há rumores de que o Kosmos 2558 é um chamado “satélite inspetor”, capaz de manobrar perto de outras naves espaciais. Segundo o site Space.com, outros satélites russos foram observados no passado exibindo os mesmos comportamentos.

Teste antissatélite da Rússia enfureceu os EUA em 2021

Esta não é a primeira vez que os EUA condenam atividades russas em órbita. Em novembro do ano passado, o país disparou um míssil para destruir um de seus próprios satélites extintos, em um teste antissatélite, deixando para trás milhares de fragmentos espaciais rastreáveis ​​e centenas de milhares de detritos menores e indetectáveis ​​em órbita baixa da Terra, colocando em risco a estrutura da Estação Espacial Internacional (ISS) e seus tripulantes. 

Na época, o porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price, declarou que a atitude da Rússia era considerada imprudente. “Este teste aumentará significativamente o risco para astronautas e cosmonautas na ISS, bem como para outras atividades de voos espaciais humanos”.

O administrador da NASA, Bill Nelson, também demonstrou insatisfação com a realização do teste antissatélite russo. “Estou indignado com esta ação irresponsável e desestabilizadora. Com sua longa e célebre história em voos espaciais humanos, é impensável que a Rússia ponha em perigo não apenas os astronautas americanos e internacionais parceiros da ISS, mas também seus próprios cosmonautas”, disse Nelson, na ocasião. “Suas ações são imprudentes e perigosas, ameaçando também a estação espacial chinesa e os taikonautas a bordo”.

*Imagem em destaque: NBC News

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