Durante um workshop patrocinado pelo Centro de Engenharia & Segurança (NESC), da NASA, intitulado “Ciência Única da Lua na Era Artemis“, o astronauta da agência espacial norte-americana, John Grunsfeld, palestrou sobre os vários obstáculos da engenharia no ambiente lunar para possíveis experimentos científicos astronômicos como parte das missões Artemis da NASA, e os desafios enfrentados em relação à montagem e a manutenção das análises e da infraestrutura de voo espacial.

Foram três dias de seminários, com diversos profissionais envolvidos no ramo espacial. Os temas variaram, desde poeira lunar e geração de energia até exploração robótica e voo espacial humano, com o objetivo de estabelecer um roteiro para o desenvolvimento de experimentos lunares até a execução nas próximas décadas.

John Grunsfeld, além de astronauta, foi administrador associado da NASA na Science Mission Directorate (SMD), gerenciou mais de 100 missões científicas ao longo de seus dez anos no cargo, incluindo o rover Curiosity aterrissando em Marte em 2012. Durante a sua atuação enquanto astronauta, ele voou no ônibus espacial e atuou como astronauta líder durante a missão final de manutenção do Telescópio Espacial Hubble, em 2009.

Detentor de um histórico invejável, Grunsfeld foi introduzido no Hall da Fama dos Astronautas, em 2015, e se aposentou da NASA um ano depois. Hoje, ele é um especialista em exploração espacial humana e robótica. Sua última pesquisa foi divulgada em abril deste ano. Ela descreve, em 800 páginas, doze áreas-chave de prioridade científica, divididas em três categorias: Origem do sistema solar, Mundos e Processos do Sistema Solar e Vida e Habitabilidade.

O ex-astronauta, durante sua palestra, destacou que “toda exploração robótica é exploração humana”, e apesar do que “alguns futuristas podem pensar sobre isso, em nosso período de tempo, toda exploração robótica é realmente uma parceria humano-máquina”. Ele enfatizou que as missões espacial devem depender da interação de ambos.

Experiência obtida como astronauta contou para conclusões

De acordo com a última pesquisa feita por Grunsfeld, ainda falta sutileza humana “para a consciência situacional, destreza adaptável, reconhecimento de padrões e reações a situações inesperadas” nas tecnologias previstas para as próximas missões. O palestrante destacou ao público que as máquinas são nossas ferramentas. Ele sugere que a NASA invista em promover maior sinergia entre suas divisões, para que a comunicação entre os setores possa ser efetiva e os requisitos das missões da agência possam ser cumpridos.

“Sem uma estratégia integrada e coerente, é improvável que a ciência planetária de nível decadal seja realizada na lua através de Artemis. A exploração humana pode ser usada para atingir metas científicas de nível inferior até que a Artemis incorpore requisitos de alto nível capazes de alcançar prioridades científicas decadais”, declarou o especialista.

Sua pesquisa decadal também contou com recomendações ao lado de suas descobertas para a NASA, uma delas sugere que a Divisão de Ciência Planetária (PSD) considere a exploração humana como fonte de apoio às missões robóticas, a fim de promover os objetivos científicos lunares de longo prazo. Ele atesta que a criação de sistemas científicos e infraestrutura são mais eficientes quando realizadas por mãos humanas do que por automações robóticas.

Para embasar seu argumento, o especialista compartilhou um vídeo em que ele demonstra os diversos reparos que teve que realizar no fundo do telescópio. Sem os reparos humanos, o Hubble teria ficado inoperável. Essas ações promoveram a extensão da missão do Hubble ao longo de três décadas. Esse telescópio espacial é operacional ainda hoje. A expectativa de vida dele era estimada em apenas dez anos. “Não devemos acreditar que um ‘explorerbot’ autônomo está próximo […], às habilidades humanas excederão em muito as capacidades robóticas”, declarou o ex-astronauta.

Dividir atribuições para chegar mais longe nas missões espaciais

Outros pontos da pesquisa destacam de forma positiva a atuação da nave Starship, da empresa SpaceX, que ganhou o contrato da NASA para o provedor do Sistema de Pouso Humano da agência. O especialista atestou que há enorme benefício em realizar parcerias, inclusive internacionais, no programa Artemis, pois “a participação internacional em programas humanos têm o benefício de proporcionar uma participação mais ampla de cientistas, engenheiros e público de diferentes países e culturas, reforçando a cooperação internacional em esforços pacíficos.”

Além disso, o documento declara que “missões comerciais de voo espacial humano para as superfícies lunar e marciana fornecerão capacidade de carga sem precedentes e potencialmente oferecerão enormes oportunidades para a ciência planetária”.

Via: Space.com

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