De dentes arrancados e substituídos (após horas) por próteses à modernização dos tratamentos odontológicos com planejamentos assertivos e tempo otimizado: a evolução da tecnologia no setor da odontologia tem favorecido, e muito, a saúde bucal. Segundo o Conselho Federal de Odontologia (CFO), o segmento é um dos que mais se destaca dentro do setor da saúde, resultado de uma preocupação crescente a respeito dos cuidados com a saúde da boca e, claro, com a aparência dos dentes.
Ainda conforme o CFO, o número de pessoas que passou a se preocupar com seu sorriso aumentou consideravelmente nos últimos anos – nove a cada dez brasileiros acreditam ser muito importante ir ao dentista com regularidade e 72% vão anualmente, conforme divulgado pela DVI Radiologia, em 2019.
Entre alguns avanços de destaque que podemos citar estão:
Mas todos os citados são apenas algumas das inovações e tendências para o setor. De acordo com levantamento da Surya Dental, empresa que faz a distribuição de produtos odontológicos, há muito mais dentro do mercado, expansões as quais se consolidam cada vez mais dentro dos consultórios, como o boom do aparelho ortodôntico invisível, a facilidade do prontuário eletrônico, a nova anestesia eletrônica, a radiologia digital e a telemedicina – sendo essa última considerada a “salvadora da pátria” durante a pandemia da Covid-19.
Afinal, quais os benefícios da modernização na odontologia?
Podemos afirmar que aqui, bem como em toda a área da saúde, os benefícios do avanço da tecnologia alcançam não apenas os pacientes, mas toda a comunidade médica. Tudo colabora para um melhor atendimento, compreensão e visão do especialista, dando ao paciente melhores resultados – e por vezes mais duradouros, menos invasivos e incômodos.
Mas quem melhor para falar da experiência no dia a dia do que os próprios profissionais? De acordo com o dentista Emerson Carvalho, especialista, mestre e doutor em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, em entrevista ao Olhar Digital, a tecnologia auxilia todos os processos, principalmente quando o assunto é segurança e otimização do tempo.
“Na fase do pré-operatório, temos a possibilidade de ter um diagnóstico mais preciso, facilidade no planejamento e na compreensão do tratamento pelo paciente. No transoperatório, a tecnologia nos auxilia a realizar procedimentos delicados com segurança e altas taxas de precisão. Além disso, em muitos casos, com a modernização executamos os procedimentos em menos tempo, o que é de extremo benefício para o profissional e principalmente para o paciente”, disse o especialista.
O profissional também destacou a chegada dos programas de computadores junto com a tecnologia 3D, que deu a possibilidade de planejamentos bem mais assertivos e próximos do real.
“Temos a possibilidade de realizar o planejamento de implantes, cirurgia ortognática, tumores e até mesmo fraturas faciais, onde fazemos manipulação dos cortes tomográficos, os quais geram imagens em 3D. Além disso, podemos confeccionar guias cirúrgicos feitos também de forma digital, e após impresso conseguimos realizar várias técnicas cirúrgicas de forma extremamente fidedigna ao planejado no computador”, acrescentou.
Já para a Professora e Dra. Yeska Braga Hori, especialista e mestre em endodontia e sócia da Hori Clínica Odontológica – uma das mais tecnológicas e conceituadas em São Paulo – a era tech tornou o atendimento mais confortável para paciente e profissional, principalmente pela previsibilidade dos tratamentos. Ela também apontou para outras melhorias relacionadas à saúde em um contexto geral, como a diminuição de exposição à radiação na hora do raio-X.
“O uso de sensores digitais radiográficos, localizadores apicais, facilita o atendimento e diminui o número de radiografias tiradas nas consultas, motores os quais tornam o preparo mecânico não só de dentes, mas dos canais com vibrações controladas, menos desgastantes”, explicou ela.
Como exemplo do que mudou dos métodos antigos, a dentista lembrou das famosas moldagens com gesso para aparelhos ortodônticos – aquelas que davam muita ânsia em alguns. Hoje, com o combo do scanner e impressora 3D, “temos a cópia fiel, sem distorções, da boca do paciente”. Ou seja, em outras palavras, o scanner intra oral e a impressora 3D aposentaram a velha saga do “morde aqui e segure por alguns minutos”, o que era extremamente incômodo para a grande maioria das pessoas.
“Clinicamente, até a remoção de cárie hoje pode ser diferente. Temos lasers que removem a cárie, enxertos que também removem. Até o tratamento de canal, que o paciente ficava horas e horas sentado na cadeira fazendo o tratamento, hoje ele é mecanizado, a obturação também é feita agora com um condensador eletrônico. Então, hoje tudo facilitou. A própria ortodontia, que antes tinham a base com braquetes metálicos com vários fios, hoje tem o aparelho invisível, que resolve a maioria dos casos e o planejamento é todo digital.”
Devo modernizar meu consultório odontológico?
Investir em saúde nunca será um mal negócio. Tenha em mente que modernizar o seu estabelecimento é deixar os atendimentos mais rápidos e cômodos para o dentista e o paciente, além de garantir melhores resultados. Além disso, ter um diferencial faz com que você se destaque entre o mar de concorrentes.
Fora todo o proveito que as ferramentas tecnológicas podem adicionar ao dia a dia, e também aos resultados e saúde do paciente, um ambiente passa qualidade e segurança, o que também colabora para o bem-estar dos clientes. Para um paciente (até mesmo para o especialista, que em algum momento pode ser o paciente) sentir confiança e seriedade no estabelecimento faz a diferença.
“A tecnologia está para facilitar a vida do profissional e paciente, e acompanhar essa modernização é demonstrar respeito e preocupação com quem nos confia sua saúde e procura nossos cuidados”, salientou o Dr. Emerson.
Como diz o ditado: “a primeira impressão é a que fica”, e no caso de prestadores de serviço isso é fato consumado. Então, aposte também na primeira impressão, ou seja, no design do consultório, pois ele será sua identidade visual. Se o sorriso de uma pessoa é o cartão de visita, por que o local onde cuidamos dele também não seria? (entendeu a relação?)
“Investir em tecnologia sai caro. Eu comecei com os menores equipamentos de tecnologia e quando eu pude comprei um localizador apical, depois um motor de endodontia, em seguida um sensor de radiografia, então aos poucos você vai adquirindo, também pelo seu bem-estar durante o trabalho, por que a odontologia exige do seu corpo e esses equipamentos tornam o atendimento mais prático e rápido, ou seja, favorece o dentista também”, ressaltou a Dra. Hori, afirmando que “dificilmente a odontologia hoje não vai estar ligada a esse mundo moderno”, já que o próprio paciente busca esse conforto.
“Isso [o investimento] vai ajudar na carreira e no desenvolvimento do planejamento de um tratamento. O paciente tem possibilidade de escolha, então o dentista precisa se adaptar a essas mudanças.”
Tecnologia e saúde: para onde estamos indo?
Há pouco dias, o Olhar Digital pôde cobrir com exclusividade o MV Experience Forum 2022 (MEF), maior evento de tecnologia do setor de saúde. Durante o evento, diversos especialistas puderam debater sobre os avanços da tecnologia e seus benefícios para a saúde, inclusive, o prontuário digital e a telemedicina foram pontos fortes nas argumentações, bem como a discussão sobre robôs substituírem médicos e a humanização dentro disso. Confira tudo o que rolou aqui!
Para finalizar, vale destacar que o Ministério da Saúde lançou, em fevereiro deste ano, em Assembleia Conjunta do CFO com os Presidentes dos CROs, a Pesquisa Nacional de Saúde Bucal – SB Brasil 2020 (vigência 2021-2022). O levantamento nacional é feito a cada 10 anos e, inicialmente, estava previsto para ser realizado em 2020, mas precisou ser adiado em decorrência da pandemia da Covid-19. Novos dados e resultados sobre a saúde bucal no Brasil devem ser apresentados entre novembro e dezembro de 2022, conforme cronograma do governo.
Fonte: Olhar Digital
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