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Casemiro, Kroos e Modric: o fim do Triângulo das Bermudas que marcou uma era

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Foi infinito enquanto durou. Como os versos de Vinícius de Moraes, Casemiro, Luka Modric e Toni Kroos representaram arte, mas nos gramados. Foram, entretanto, imortais: o que fizeram jamais será apagado. Casemiro vai a Old Trafford reencontrar velhos companheiros (Varane e Cristiano Ronaldo), mas deixa no Santiago Bernabéu saudades eternas, de um dos maiores trios de meias da história do futebol. 

“Eu os chamo de Triângulo das Bermudas, porque quando a bola está ali, ela desaparece”, definiu Carlo Ancelotti, que ganhou tudo, e um pouco mais, com os três. O texto poderia acabar aqui, já que Ancelotti definiu, de forma sucinta, mas precisa, o que representaram os três não só para a história merengue. Mas é difícil não falar deles. Mesmo que domingo, contra tudo o que fomos acostumados a ver nos últimos anos, os três não estejam mais juntos no Bernabéu. 

A lapidação do craque

Certa vez uma famosa página britânica de humor e ironias que publica “teorias das conspirações no futebol” tuitou o seguinte: “Casemiro chegou ao Real Madrid de forma aleatória, sem que ninguém soubesse de onde ele veio”. A piada tem sua graça e, se alguém, de fato, acreditasse em tal conspiração em 2013, não poderia ser chamado de louco. 

Casemiro estava longe de ser uma unanimidade no São Paulo. Na verdade, o jogador perdia espaço no Tricolor. Era visto como displicente, a torcida pegava no pé e muito se falava em seu comportamento fora de campo. Casemiro terminou 2012 mais reserva do que titular. Ficou de fora de todos os encontros decisivos da Sul-Americana daquele ano, conquistada pelo time são-paulino comandado em campo pelo talento de Lucas Moura. 

Veio, então, uma proposta do Real Madrid. Na verdade, do Real Madrid Castilla, equipe B dos Blancos. Com o clima ruim no Morumbi, e ciente que sua contratação tinha conseguido o aval de José Mourinho, Casemiro aceitou o desafio e se mudou para a capital espanhola no início de 2013. 

A adaptação no Castilla foi considerada, na época, um sucesso. Casemiro chegou a estrear no profissional dia 20 de abril de 2013, vitória sobre o Betis pelo Espanhol. Foi titular, jogou os 90 minutos e formou o meio-campo com Modric e Mesut Özil. Mourinho ainda era o técnico, mas não seria para a temporada seguinte. Carlo Ancelotti assumiu e começou a solidificar uma nova era no Santiago Bernabéu. 

Já na primeira temporada de Ancelotti, o Real conquistou a tão desejada La Décima, numa final heróica diante do Atlético de Madrid. Casemiro fez seis jogos na campanha, 25 no total na temporada, mas apenas quatro como titular. Se Modric já era peça decisiva na equipe, o brasileiro ainda não conseguira protagonismo, algo de certa forma natural naquele contexto. Mas o jovem nunca deixara de ser ressaltado por Ancelotti. 

“O Casemiro provou que às vezes jogadores podem ter papéis importantes mesmo não jogando a todo momento, algo que ele (Casemiro) entendeu muito bem”, disse o italiano na época. 

Campeão da Champions, mas com “apenas” 652 minutos na temporada, Casemiro conversou com Ancelotti e optou por ser emprestado ao Porto para a temporada seguinte. O empréstimo fez muito bem ao volante, que conseguiu jogar mais minutos, ser importante com regularidade e ganhar “casca” em competições importantes. 

O Porto, de Julen Lopetegui, caiu só nas quartas da Liga dos Campeões, derrubado pelo gigante Bayern de Munique. Casemiro fez 41 partidas pelos Dragões, 39 como titular, e voltou para Madri com outro status. 

O início do trio

Casemiro voltou para os Merengues para a temporada 2015/16. Rafa Benítez era o técnico no início, e foi o espanhol o primeiro a escalar como titular o famoso trio: Casemiro, Kroos e Modric. O primeiro jogo dos três juntos, como titular, foi no dia 04 de outubro de 2015, empate contra o Atlético de Madrid, em 1 a 1, no Vicente Calderón. 

Benítez ficou no cargo apenas até o início de janeiro. Não era lá uma temporada espetacular. Zinedine Zidane assumiu, e Casemiro perdeu um pouco de espaço no elenco. Zizou demorou um pouco para encontrar o time, alternando entre o brasileiro, James, Isco e Kovacic. Kroos e Modric jogavam com mais frequência. 

Após uma derrota no dérbi da capital no final de fevereiro, Zidane resolveu dar mais oportunidades a Casemiro, que até então não jogara nenhuma partida como titular com o francês. Casemiro entrou no time para não sair. O entrosamento com Modric e Kroos foi ficando evidente, e o time ganhou cara, com os três no meio e o trio BBC na frente. Assim, o Real Madrid conquistou mais uma Liga dos Campeões. E assim, o Triângulo das Bermudas começou a doutrinar o meio-campo merengue

O Triângulo das Bermudas

Desde a conquista da Champions em 2016, seja com Zidane e Ancelotti em suas idas e vindas ou com qualquer comandante que tenha passado pelo Santiago Bernabéu, tirar Casemiro, Kroos e Modric do meio-campo passara a ser uma insanidade. Em 2017, o Real conquistou mais uma vez a Champions, com um baile diante da Juventus na final. 

Os três, juntos, nunca perderam uma final. Ganharam absolutamente todos os títulos possíveis com a camisa blanca. Este ano, voltaram ao topo da Europa com a mesma vontade que seis anos atrás. Com um entrosamento que aparentava ser de décadas e décadas desfilando pelos gramados juntos. 

Os três, na verdade, se completam. Apesar de serem meias completos. Modric com a condução de bola, a genialidade no último terço. Kroos com o passe que quebra linhas, com movimentação sem bola de gênio. Casemiro sendo o equilíbrio e o pulmão do trio, o centro de apoio nas transições defensivas e ofensivas. 

Hoje, Kross e Modric ficam sem esse apoio, sem essa referência. Ficam órfãos, como a torcida merengue. E como também fica um pouco órfão quem gosta de futebol. Ver os três juntos era como ler um poema de Vinícius. Era como ver e ouvir a Garota de Ipanema na Zona Sul do Rio. Era arte. Em campo. Foi infinito enquanto durou. E foi eterno, sim! 

(100)

Fonte: Ogol

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