Na próxima segunda-feira (29), será lançada a missão Artemis 1, um voo teste não tripulado que servirá de demonstração das capacidades do complexo veicular formado pelo megafoguete Space Launch System (SLS) e a cápsula Orion rumo à Lua.
Esse será o primeiro lançamento do novo programa da NASA que visa não apenas levar astronautas para pisar novamente em solo lunar, mas, principalmente, estabelecer uma presença humana sustentável e de longa duração no satélite natural da Terra.
O Programa Artemis será regido por diretrizes determinadas pelos Acordos Artemis, que estabelecem boas práticas para exploração da Lua, Marte e outros corpos celestes do espaço profundo no futuro. Atualmente, 21 países são signatários do documento, entre eles, o Brasil.
Isso não significa que nós vamos mandar astronautas para a Lua. Essa possibilidade não consta nem nos planos a longo prazo do projeto. Na adesão ao acordo, as nações apenas concordam que, ao explorar o espaço, seguirão um conjunto de princípios comuns para garantir a cooperação mútua e pacífica entre elas.
Entre outros deveres, os países membros se comprometem a compartilhar informações e descobertas científicas, usar padrões em vigor para garantir a interoperabilidade de estruturas e sistemas, prestar assistência humanitária a tripulações em perigo, preservar artefatos de valor histórico, extrair recursos de forma sustentável e restringir o máximo possível a produção de lixo espacial.
Não existe nenhuma cláusula no contrato estipulando o compartilhamento de tecnologia de foguetes ou garantindo a participação dos membros em missões futuras. Ainda assim, a adesão do Brasil ao Acordo Artemis é importante, principalmente do ponto de vista do compartilhamento de informações científicas, já que elas podem impulsionar o trabalho de nossos pesquisadores e da nossa indústria aeroespacial, que ainda está engatinhando.
Como o Brasil pode se beneficiar e ajudar o Programa Artemis?
Após a inserção do Brasil no Acordo Artemis, que aconteceu em junho do ano passado, a Agência Espacial Brasileira (AEB) formou uma comissão para estabelecer a conjuntura da participação brasileira no referido acordo e quais seriam as contribuições do país para a realização do projeto.
Em março deste ano, houve um encontro da comitiva brasileira com os representantes da NASA, que contou com a presença do presidente da AEB, Carlos Augusto Teixeira Moura. De acordo com informações do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), a reunião teve o intuito de discutir o escopo da participação brasileira, procurando delimitar a área mais técnica de sua cooperação.
Ainda segundo o MCTI, por causa da adesão do Brasil ao acordo, o Programa Artemis integra o Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), para o período 2022-2031. “A iniciativa do projeto Artemis vai ajudar a concretizar objetivos pré-estabelecidos pelo PNAE, como a promoção do desenvolvimento técnico e científico no setor espacial e a consolidação, em todos os setores da sociedade brasileira, da compreensão dos potenciais benefícios diretos e indiretos da exploração do setor espacial para o Brasil”, diz um comunicado do ministério.
De acordo com o ex-ministro do MCTI e ex-astronauta da NASA, Marcos Pontes, existem muitas áreas em que o Brasil pode cooperar com o Programa Artemis. “O desenvolvimento de sistemas não tripulados para a Lua é uma delas, assim como o desenvolvimento de subsistemas de estações. Eu gostaria que o Brasil buscasse expertise na área de radiação ou proteção contra a radiação. A área de engenharia fina e controle também é bem interessante”.
Segundo Pontes, a adesão ao acordo Artemis ajudaria muito o programa espacial brasileiro, como um todo, mas, principalmente, para incentivar o interesse dos jovens pela ciência. “Temos que usar este programa para motivar jovens a seguirem carreiras de ciência e tecnologia. O Brasil pode participar sob vários aspectos do programa, e a gente vai fazendo essas participações à medida que tivermos condições técnicas, científicas e financeiras”.
Fonte: Olhar Digital
Comentários