Em entrevista ao Jornal da Manhã, Marcelo Suano também afirmou que ataque do mandatário à jornalista Vera Magalhães ‘pode ter causado desconforto’ entre indecisos
Há um pouco mais de um mês para as eleições, o primeiro debate entre presidenciáveis ocorreu neste domingo, 28, com os principais postulantes da corrida ao Palácio do Planalto. Para comentar esse primeiro confronto, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o cientista político Marcelo Suano. Ao analisar as estratégias dos principais candidatos à presidência, o especialista avaliou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) atuou para agitar sua base eleitoral: “O presidente Bolsonaro falou, em um primeiro momento, para seu público. E o seu público ficou feliz com o que ele estava apresentando. Pareceu que ele tinha cometido um erro estratégico no primeiro momento, em que vai e bate no Lula (PT) como corrupto, porque ele deu muito tempo para o Lula falar. Podia ser um erro estratégico, mas não, ele conduziu o debate na linha ‘eu não sou corrupto e o Lula é corrupto’”. Suano também dividiu os candidatos entre aqueles que queriam se apresentar ao eleitorado pela primeira vez, e aqueles que buscavam se estabelecer no debate público.
“O que se observam são dois blocos. Os três que se apresentaram: Soraya, Simone e Felipe. Eles se apresentaram ali para se tornarem mais conhecidos… No caso da Simone Tebet (MDB), se identifica que ela cumpriu o seu papel de se tornar notória nacionalmente, uma vez que a sua notoriedade era pequena. Os outros três candidatos responderam para o seu público específico. Muito curiosamente, o Ciro Gomes (PDT) deixou muito claro que quer ser uma nova esquerda e não aquela esquerda que estava vinculada ao Lula e muito concretizada como grupo que fez corrupção no país. Ciro Gomes tentou não fazer parte disso, foi muito duro e disse que houve corrupção. O Lula foi lá para apresentar dados do momento em que ele esteve no governo, os quais por si só podem ser questionados”, analisou o cientista político.
Suano também analisou o ataque de Bolsonaro à jornalista Vera Magalhães. Na ocasião, o mandatário afirmou que a repórter é “uma vergonha para o jornalismo brasileiro”, o que causou reações de repúdio dos presentes. Para o especialista, o presidente poderia ter evitado o ataque, porém ele pondera que a pergunta de Vera foi direcionada para afetar o candidato à reeleição: “Bolsonaro poderia ter atuado de forma diferente na questão que a Vera Magalhães colocou, mas quando você observa a estrutura da pergunta que ela fez, ela não fez uma pergunta para um candidato, fez uma pergunta desqualificando o adversário do candidato para quem ela queria fazer a pergunta. Ela foi tendenciosa e você tem um candidato com temperamento sanguíneo e estilo próprio. A resposta que ele deu pode ter causado um desconforto para a terceira via e o segmento da sociedade que está indeciso, mas para o público do Bolsonaro, não. Ele respondeu exatamente da forma como o público queria”.
“É uma questão de respeitar a jornalista ou respeitar a mulher? Eu não creio que ele tenha desrespeitado a mulher, ele foi duro e poderia ter respondido melhor para a jornalista, que fez uma pergunta um tanto quanto enviesada. Reforçou a ideia de misoginia? Essa ideia tem sido rebatida por todos aqueles que querem confrontar o Bolsonaro, dizendo que ele não tem políticas voltadas para as mulheres porque ele não gosta de olhar para o público feminino com igualdade. O que ele demonstra com as equipes que ele monta, a forma como faz as políticas e para quem ele entrega determinadas decisões que tentam contemplar as necessidades do público feminino. Ele teve perdas ou ganhos? Não teve nem perdas, nem ganhos com relação à misoginia. Mas pode ter tido alguns ganhos no público que está sedento para que ele seja mais duro na maneira de se posicionar”, analisou.
Fonte: Jovem Pan News
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