A ex-professora assistente da Universidade de St. Xavier, em Kolkata, no leste da Índia, foi alvo de um compartilhamento abusivo e sem consentimento de suas fotos íntimas. O caso fez a docente perder seu emprego na instituição de ensino.
Em entrevista a BBC, a mulher que pediu para não ser identificada disse que ela foi obrigada a deixar seu emprego por causa das fotos de biquíni que postou no Instagram. A ex-professora acusou os funcionários da universidade de assédio sexual e disse que o caso foi “intimidada e submetida à vigilância moral”.
A professora conta que foi se juntar à equipe da Universidade de St. Xavier para dar aulas de inglês nos cursos de graduação e pós-graduação em 8 de agosto de 2021. Após dois meses foi chamada pelo reitor para uma reunião. A mulher considera que, na ocasião, ela participou de um comitê interrogatório organizado pelo vice-reitor Felix Raj, um secretário e cinco mulheres, conforme aponta o relato à BBC.
A queixa foi feita pelo pai de um aluno do primeiro ano do curso de graduação. Durante a reunião, cerca de 5 fotos impressas em papel da professora foram expostas entre os funcionários da universidade. “O reitor disse que esse pai encontrou seu filho olhando minhas fotos no Instagram, onde eu estava apenas de calcinha. Ele disse que as fotos eram sexualmente explícitas e pediu à universidade que preservasse seu filho de tal vulgaridade”, disse a mulher.
As fotos foram postadas aproximadamente dois meses antes da professora ingressar na escola – em 13 de junho de 2021- e mostravam a docente em selfies de biquíni no seu quarto compartilhadas como stories do Instagram. Em seu relato a mulher conta que sua conta é privada e mencionou que as fotos foram publicadas antes de entrar na universidade e aceitar pedidos de alunos para segui-la.
“Fiquei chocada. Quando vi as fotos, tive um ataque de pânico. Me pareceu surreal que minhas fotos pessoais fossem compartilhadas sem meu consentimento”, disse a professora.
A docente também reforça que se sentiu emocionalmente abusada pelas divulgação de suas fotos em publico. “Eu não aguentava olhar minhas próprias fotos e a forma como elas me foram apresentadas. A conversa em torno delas me fez pensar que eram vulgares. Percebi que estava sofrendo gaslightning, comecei a me sentir sabotada”, afirmou.
O comitê da universidade orientou a professora a escrever um relatório com pedido de desculpas. No relatório a mulher se desculpou dizendo: “se minhas imagens foram interpretadas de uma forma que poderia manchar a reputação da universidade, então sinto muito”.
Como se não bastasse a humilhação de ter suas fotos expostas publicamente e ter que pedir desculpas por publicações de sua vida pessoal e privada, a professora foi orientada pelo reitor da universidade a pedir demissão. “Ele disse que as fotos já haviam viralizado, que a maioria dos alunos as tinha visto, que não me levariam a sério e que os pais iriam reclamar. E que seria melhor se eu me demitisse voluntariamente”, relatou a professora.
Com a pressão a mulher pediu demissão. Após ficar desempregada a professora relata que ficou com raiva e foi atrás de auxílio jurídico. “Eles fizeram download das minhas fotos, tiraram prints de tela e compartilharam sem meu consentimento. Meu advogado sugeriu que eu registrasse uma queixa de assédio sexual na polícia de crimes cibernéticos”, disse.
A mulher alega que as fotos não estavam mais disponíveis em sua conta depois de entrar para o corpo docente da universidade. Sobre a alegação, o vice-reitor, Feliz Raj, disse não ser “perito em tecnologia”.
Ações em favor da professora
Muitos alunos da professora criticaram as medidas da universidade, com a indignação foi criada uma petição no site change.org, pelo ex-aluno Gaurav Banerjee com o objetivo da universidade se desculpar pela ação e pedir ao governo que medidas sejam tomadas para o comitê pelas atitudes.
Dezenas de estudantes tem realizado protestos a respeito do caso:
“Ficamos sabendo sobre essa forma selvagem de vigilância moral a que uma de nossas professoras foi submetida”, disse um dos manifestantes a favor da professora. “É completamente inaceitável. Por que alguém deveria se importar com o que estou fazendo em meu espaço privado? Nosso espaço pessoal deve ser inviolável. É assustador que os membros do comitê, que incluiu cinco mulheres, não tenham pensado que isso era vigilância moral.”
Após as comoções dos estudantes, a professora se mostrou confiante ao ver que após meses as pessoas estão percebendo “como tudo isso foi ridículo.”. Em seu relato, ela argumentou que o direito à privacidade e à auto expressão é inviolável segundo.”
Imagem: HollyHarry/ Shutterstock
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Fonte: Olhar Digital
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