Autoridades tentam desvendar há um mês o que ocasionou o seu aparecimento; presidente chileno visitou o local e cobrou agilidade nas investigações
Há um mês, um buraco que apareceu misteriosamente no Chile intriga as autoridades e moradores que ainda tentam entender como ele surgiu. As recentes informações sobre a continuidade de seu crescimento acendeu um alerta sobre a possibilidade de um colapso na região. Inicialmente, a cratera tinha 25 metros de diâmetro. Hoje, estima-se que ela esteja com 50 metros e sua distância até o fundo seja de 200 metros. “Considerando que o referido cenário representa uma ameaça à vida e à integridade física das pessoas, o acesso à zona foi restringido até que os estudos técnicos o justifiquem”, disse o escritório de emergência em seu site. As autoridades chilenas estabeleceram um perímetro de segurança, pois a área corre alto risco de novas rachaduras ou afundamento perto da mina de Alcaparrosa, cerca de 665 km ao norte de Santiago, disse o Comitê de Gestão de Riscos de Desastres para região do Atacama. Nesta terça-feira, 30, o presidente do Chile, Gabriel Boric, visitou o local e cobrou investigações. “O buraco é a ponta do iceberg de uma série de problemas que afetam a Tierra Amarilla”, disse. “Este é um modelo de desenvolvimento que não tem sido benéfico para a comunidade e isso deve mudar”, acrescentou. Até agora, pouco se sabe sobre o buraco misterioso, porém, existem questões que podem ser respondidas.
Localizado em Tierra Amarilla, no deserto do Atacama, a cratera está a 665 km ao norte de Santiago. Sua profundidade é tão grande que na última vez que seu tamanho foi divulgado, era possível colocar em seu interior seis estátuas, frente a frente, do Cristo Redentor, ou o Arco do Triunfo da França, ou o Space Needle de Seattle. O local onde o buraco apareceu é uma região em que se encontram minas de cobre e explorada pela empresa canadense Lundin Mining, que detém 80% da propriedade, e pela japonesas Sumitomo Metal Mining e Sumitomo Corp, que controla o restante. Seu aparecimento é um mistério e especialistas trabalham na região para descobrir sua origem, porém, já foi informado que em seu interior não há nada, contudo, era possível ver água no fundo. Existem algumas hipóteses que circulam sobre seu aparecimento. Para o prefeito da região, Cristobal Zúñiga, em entrevista à mídia local, é uma consequência das atividades extrativistas que acontecem na região.
Geólogos ouvidos pela BBC News também trabalham com essa teoria, apontando que a ganância humana tem forte influência no aparecimento deste buraco. De acordo com Cristóbal Muñoz, diretor da ONG informativa Red Geocientífica de Chile, companhia de mineração Candelaria, que explora uma jazida de cobre em Tierra Amarilla, “tinha uma projeção prevista para extrair 38 mil toneladas de minério, mas extraiu cerca de 138 mil toneladas”. Os especialistas ouvidos pela BBC News também trabalham com a possibilidade de que tenha relação com os eventos naturais, como as fortes chuvas que atingiram a região em julho. Segundo o geofísico chileno Cristian Farías, diretor de construção civil e geologia da Universidade Católica de Temuco, no Chile, “quando cai muita água da chuva em solos com alto teor de gesso, a água percola e corrói toda a parte inferior por vários dias, o que tira a sustentabilidade da parte superior e acaba gerando colapso”. Ele acrescenta dizendo que superexploração dos minerais pode ter desestabilizado o solo, desviando águas subterrâneas do seu curso natural e esvaziando os aquíferos, gerando espaços que favorecem o terreno a ceder e cair devido ao seu próprio peso. Apesar dos mistérios, tanto o governo como a empresa Lundin, dizem que nenhum perigo foi detectado, porém, as operações na mina estão suspensas e a área está fechada.
Fonte: Jovem Pan News
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