Um estudo publicado este mês na revista Nature Communications revela que impactos cósmicos podem tornar planetas e luas mais porosos do que se pensava, potencialmente aumentando sua capacidade de abrigar vida alienígena.
A superfície “esburacada” da nossa Lua é um exemplo da frequência com que os impactos cósmicos atingem corpos importantes do Sistema Solar. As rachaduras e poros resultantes podem, teoricamente, hospedar água e, talvez, até mesmo microrganismos.
Em 2012, um satélite da NASA chamado GRAAL (sigla em inglês para Laboratório de Recuperação de Gravidade de Interior) revelou que a crosta da Lua é muito menos densa e, portanto, mais porosa do que se pensava anteriormente.
Uma cratera com 4 km de profundidade tem cerca de 12% de espaço vazio, e até em profundidades de cerca de 20 km, a crosta lunar ainda tem uma porosidade próxima de 4%, descobriu a missão.
No novo estudo, conduzido por pesquisadores dos EUA e do Reino Unido, foram desenvolvidas simulações computacionais sobre como os impactos cósmicos podem gerar porosidade dentro das crostas lunar e marciana, bem como a da Terra. Eles descobriram que fortes colisões podem ter grandes efeitos nas superfícies e estruturas desses corpos, mesmo muito longe do ponto de impacto. Isso ajuda a resolver a misteriosa porosidade lunar que o GRAAL descobriu.
“Este é o primeiro trabalho que realmente mostra que grandes impactos são capazes de fraturar a crosta lunar e introduzir essa porosidade”, disse o coautor do estudo Brandon Johnson, cientista planetário da Universidade Purdue, em um comunicado. “Nossas simulações indicam que impactos que geram de 100 a mil quilômetros de bacias são capazes de produzir toda a porosidade observada dentro da crosta lunar”.
Segundo Johnson, simulações sujeitas a uma maior gravidade superficial, como a de Marte e a da Terra, sugerem que “impactos formadores de bacias podem ser uma fonte primária de porosidade e fratura de antigas crostas planetárias”.
Ele e sua equipe acreditam que, ao descobrir onde e por que planetas e luas se fraturaram, os cientistas podem ter uma ideia mais clara sobre os melhores pontos para se procurar vida em mundos distantes.
“Esta pesquisa tem implicações para o início da Terra e de Marte”, disse o autor principal do estudo, Sean Wiggins, pesquisador de pós-doutorado na Purdue.
“Se a vida existisse naquela época, havia esses impactos intermitentemente grandes que esterilizariam o planeta e ferveriam os oceanos”, acrescentou Wiggins. “Mas, se você tivesse organismos que pudessem viver em poros e interstícios a algumas centenas de metros ou até alguns quilômetros abaixo, eles poderiam ter resistido”.
Fonte: Olhar Digital
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