Levar a humanidade de volta à Lua é o principal objetivo espacial dos EUA para os próximos anos, por meio do Programa Artemis. O país, no entanto, não é o único com essa ambição: China e Rússia também estão no páreo.
Isso reflete um pouco do que permeou a corrida espacial nas décadas de 1960 e 1970, quando os norte-americanos, com o Programa Apollo, venceram a disputa com a então União Soviética (URSS) pelo título de primeira nação do mundo a colocar os pés em solo lunar.
Naquela época, a questão era muito mais “egoica” do que científica. O mundo estava em plena Guerra Fria, um período de tensão geopolítica entre os dois países e seus respectivos aliados, o Bloco Oriental e o Bloco Ocidental, após a Segunda Guerra Mundial.
Pisar na Lua e fincar sua bandeira em solo lunar foi a forma que os EUA encontraram para “ir à forra”, depois que a nação rival conseguiu o feito de levar o primeiro homem ao espaço (o cosmonauta Yuri Gagarin, em 1961).
Tornar a Lua habitável para os seres humanos
Hoje, a conquista da Lua é pautada pelas disputas não apenas entre essas duas superpotências, mas também conta com a participação cada vez mais importante da China.
Desta vez, no entanto, não se trata apenas de deixar pegadas cravadas no solo lunar. Mais do que isso, o objetivo é estabelecer uma base permanente para os seres humanos no nosso satélite natural, servindo, futuramente, como um ponto de acesso para outros corpos do espaço profundo – sendo Marte o primeiro alvo.
Para isso ser possível, primeiro é necessário descobrir como tirar o máximo proveito possível dos recursos naturais da Lua permitindo uma permanência mais constante de astronautas por lá – é aí que começa a briga, muito antes de qualquer missão tripulada pousar ali. E esses três países são os principais competidores nessa concorrência para mineração do astro, conforme o Olhar Digitalabordou aqui.
A Rússia e a China trabalham juntas em um projeto anunciado em março de 2021, chamado Estação Internacional de Pesquisa Lunar (ILRS), que, como o Programa Artemis, visa estabelecer uma base perto do polo sul da Lua.
Por sua vez, os EUA contam com pelo menos 20 países comprometidos com os Acordos Artemis (incluindo o Brasil). Entre eles, alguns com participações realmente efetivas, por meio de suas agências espaciais federais de tradição (como a Agência Espacial Europeia – ESA – representando seus países-membros, além das agências do Japão – JAXA – e do Canadá – CSA).
Saiba mais sobre o programa de exploração lunar da parceria entre Rússia e China
De acordo com a Administração Espacial da China (CNSA), existem três fases principais da ILRS: reconhecimento, construção e utilização. A primeira fase já está em andamento, analisando dados coletados pela missão robótica Chang’e 4, que pousou no lado distante da Lua em janeiro de 2019.
A fase de reconhecimento continuará ao longo dos próximos anos com o trabalho de missões robóticas adicionais, ainda para serem lançadas, como Chang’e 6, Chang’e 7 e as sondas russas Luna 25, Luna 26 e Luna 27.
Por fim, a etapa de construção, de aproximadamente uma década, começará em 2026, apresentando mais missões robóticas pela China, Rússia e, quem sabe, futuros parceiros internacionais. Se tudo correr de acordo com o plano, a ILRS estará pronta para sediar missões tripuladas a partir de 2036.
Este cronograma, no entanto, é apenas uma proposta, não um compromisso firmado. Ainda mais depois da invasão da Ucrânia pela Rússia, o que deixou o projeto em escalas mais baixas de prioridades. Travar uma guerra é caro, e a Rússia pode acabar desviando recursos de seu programa espacial para sustentar os conflitos.
Fonte: Olhar Digital
Comentários