O Glaciar Thwaites – também conhecido como “Geleira do Apocalipse” devido ao seu alto risco de colapso – está “aguentando por um fio”, segundo novo estudo publicado na revista Nature GeoSciences.

A pesquisa vem na esteira do primeiro mapeamento em alta resolução do solo marinho em frente ao Glaciar Thwaites, uma porção de gelo do tamanho da Flórida no limiar ocidental da Antártida. O objetivo principal é entender os movimentos da geleira no período que antecedeu seu registro por satélites.

Os geofísicos responsáveis pelo estudo descobriram que a base do glaciar se desalojou do leito marinho e, em algum momento nos últimos 200 anos, retrocedeu a uma taxa de 2,1 km por ano em um período de seis meses. Isso representa o dobro da taxa de recuo registrada por satélites na última década.

Essa descoberta põe em cheque a antiga crença de que as geleiras da Antártida reagem lentamente às mudanças ao seu redor. Assim, levando em conta a ameaça iminente de mudanças climáticas, tudo indica que o Glaciar Thwaites pode ser muito mais suscetível a recuos repentino se comparado ao que se acreditava anteriormente.

“Os resultados sugerem que eventos de recuo rápido ocorreram na geleira nos últimos dois séculos, possivelmente, até a metade do século XX”, afirma Alastair Graham, principal autor do estudo realizado pela Universidade do Sul da Flórida. “Basta um pequeno ‘esbarrão’ no glaciar para causar uma grande reação.”

Geleira perigosa

A alcunha assustadora de “Geleira do Apocalipse” vem do fato de o glaciar reter uma quantidade de gelo tamanha que, se derretida em sua totalidade, faria o nível global do mar aumentar em até 1 metro. Logo, o seu colapso em decorrência de um recuo rápido poderia afetar drasticamente os litorais de todo o mundo.

Nos últimos anos, diversos estudos foram publicados nos quais fica clara a situação preocupante desta geleira. Um artigo de 2020 defende que o Glaciar Thwaites parece estar se tornando cada vez mais instável a medida que recua. Já uma estimativa publicada no ano passado prevê que grande parte deste corpo de gelo entrará em colapso nos próximos cinco anos.

“O glaciar está realmente ‘aguentando por um fio’, e devemos nos preparar para grandes mudanças em curtos períodos de tempo – até mesmo de um ano para o outro”, explica Robert Larter, geofísico marinho do British Antarctic Survey.

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