As recentes imagens da Bacia de Holden, capturadas pela espaçonave Mars Express, ajudam a entender como a água uma vez correu sobre a superfície de Marte, constituindo uma importante etapa na busca por indícios de vida no Planeta Vermelho.

As fotografias, tiradas em abril deste ano pelo veículo da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), mostram as características geológicas do antigo reservatório de água próximo à Cratera de Holden. Essa bacia faz parte de um sistema de escoamento de grande importância para os estudos do planeta, já que cientistas acreditam que ele drenava o equivalente a 9% de toda a água de Marte.

Os caminhos da água

Antes de a radiação solar dissipar a atmosfera de Marte há cerca de 4 bilhões de anos, a água líquida teria fluído através de canais que desembocavam na Argyre Planitia, uma planície de 1770 km de largura e até 5,2 km de profundidade. A partir dela, a água provavelmente escoava através do Uzboi Vallis, atravessando a região da atual Cratera de Holden, que teria surgido mais tarde na história do planeta.

Ela então teria se acumulado na Bacia de Holden, para, em seguida, cruzar o Ladon Valles, um antigo sistema de vales fluviais que desembocava na Bacia de Ladon.

Agora, com as novas imagens, os pesquisadores da ESA descobriram, ao sul da Bacia de Holden, uma cratera cujas paredes se inclinam a uma profundidade de aproximadamente 1500 metros. Além disso, no lado nordeste na bacia, eles puderam observar uma série de “cicatrizes” e terrenos acidentados – provavelmente criados pelo derretimento do gelo subterrâneo – que indicam onde a água teria corrido deste reservatório para o Ladon Valles.

Esquema representativo do antigo sistema hídrico marciano | Crédito: European Space Agency

Vida em Marte?

Segundo a ESA, exemplos da Terra mostram como a presença de água e o surgimento da vida andam lado a lado. Agora, eles buscam saber se isso também se aplica ao nosso planeta vizinho.

As amostras de solo do Lados Valles e da Bacia de Holden contém filossilicatos, uma espécie de mineral que contém argilas criadas pela interação entre água e rocha e que foi associada à origem da vida na Terra. Filossilicatos nessas áreas se apresentam como depósitos em camadas que poderiam ter servido como um “centro de reações” para moléculas orgânicas, os componentes básicos dos seres vivos.

Devido à sua importância geológica e potencial para o fornecimento de evidências da vida em Marte, a Cratera de Holden foi incialmente estipulada como um ponto de aterrissagem para os rovers Perseverance e Curiosity, mas eventualmente perdeu para outras duas localidades: respectivamente, as crateras de Jezero e Gale.

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