Um laboratório de genética com sede em Pequim, na China, revelou o primeiro clone de lobo selvagem do mundo: uma fêmea chamada Maya, nascida há 100 dias. Segundo especialistas, ela representa um grande marco para a preservação de animais raros e ameaçados através da tecnologia de clonagem.
“Para salvar a espécie em extinção, iniciamos em 2020 uma cooperação de pesquisa com o Instituto Harbin Polarland na clonagem do lobo ártico. Após dois anos de esforços minuciosos, o animal foi clonado com sucesso. É o primeiro caso desse tipo no mundo”, disse Mi Jidong, gerente geral da Sinogene Biotechnology, em uma coletiva de imprensa.
Nascida em 10 de junho, a “lobinha” está em plena saúde, como podemos ver no vídeo divulgado pela empresa. A célula doadora que a originou veio da amostra de pele de outra Maya, uma fêmea de lobo ártico selvagem falecida aos 16 anos do Canadá, que foi entregue ao Harbin Polarland.
Zhao Jianping, vice-gerente geral da Sinogene, explicou ao jornal chinês Global Times, pertencente ao Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, que a clonagem do lobo ártico foi realizada com a construção de 137 embriões a partir de oócitos (óvulos) caninos enucleados e células somáticas, seguido pela transferência de 85 deles para os úteros de sete cachorras da raça beagle. Desses, apenas um “vingou”, como dizem, nascendo Maya.
A opção por óvulos caninos e uma cachorra como “barriga de aluguel” foi feita porque os cães compartilham ascendência genética com lobos antigos, sendo mais provável obter sucesso na tecnologia de clonagem, disseram os especialistas.
He Zhengming, chefe do Instituto Chinês de Pesquisa de Recursos Animais Para Controle de Alimentos e Drogas, disse ao Global Times que os animais clonados têm capacidade de se reproduzir se tiverem ovos fertilizados intactos. A tecnologia de clonagem pode copiar todas as informações genéticas para reprodução seletiva e, dessa forma, diversificar a população de animais ameaçados de extinção.
Desde o primeiro clone de mamíferos do mundo, a ovelha “Dolly”, a tecnologia de clonagem vem proporcionando a possibilidade de diversificar as populações de algumas espécies, como bovinos, suínos e cavalos.
No entanto, algumas polêmicas foram geradas em torno da clonagem do lobo ártico. Sun Quanhui, cientista da organização World Animal Protection, disse ao Global Times que a tecnologia de clonagem fez grandes progressos desde seu surgimento, mas ainda está sendo aperfeiçoada e na fase exploratória da pesquisa, havendo muitas questões técnicas e éticas que precisam ser tratadas com cautela.
Sun levantou algumas questões. “Existem riscos à saúde associados a animais clonados? Em que circunstâncias é permitido clonar animais? Quanto a clonagem afeta a biodiversidade?”
Para ele, a clonagem precisa ser considerada apenas para animais cujas espécies estão extintas na vida selvagem e cujas populações em cativeiro são muito limitadas.
A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) cita lobos árticos na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. Na China, lobos árticos são introduzidos do exterior e criados em zoológicos.
Fonte: Olhar Digital
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